‘O Dia que durou 21 anos’ estreia na TV Brasil
O vídeo abaixo foi justamente reclamado pelo autor e tirado do ar, após publica-lo no youtube e passado algum tempo onde todos podiam assisti-lo sem proibições, o autor resolveu fazer um filme com o mesmo conteúdo e reclamou a sua publicação gratuita. Por este motivo o Blog Documentando a Ditadura fica em débito com seus leitores quanto às imagens, porém o conteúdo poderá ser acompanhado abaixo.
Publicado no Facebook por:José Roberto Bonifácio
Série de 3 episódios revela imagens
e depoimentos históricos sobre o Golpe de 64.
Robert Bentley, assistente de
embaixador Lincoln Gordon, dá depoimento exclusivo
Os que viveram a ditadura militar
brasileira, os que passaram por ela em brancas nuvens e os que nasceram depois
que ela acabou. Todos podem conhecer melhor e refletir sobre esse período, a
partir da nova série “O Dia que durou 21 anos”,que a TV Brasil exibe nos dias
4, 5 e 6 de abril, às 22 h.
Em clima de suspense e ação, o
documentário apresenta, em três episódios de 26 minutos cada, os bastidores da
participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 que durou
até 1985 e instaurou a ditadura no Brasil. Pela primeira vez na televisão,
documentos do arquivo norte-americano, classificados durante 46 anos como Top
Secret, serão expostos ao público. Textos de telegramas, áudio de conversas
telefônicas, depoimentos contundentes e imagens inéditas fazem parte dessa
série iconográfica, narrada pelo jornalista Flávio Tavares.
O mundo vivia a Guerra Fria quando
os Estados Unidos começaram a arquitetar o golpe para derrubar o governo de
João Goulart. As primeiras ações surgem em 1962, pelo então presidente John
Kennedy. Os fatos vão se descortinando, através de relatos de políticos,
militares, historiadores, diplomatas e estudiosos dos dois países. Depois do
assassinato de Kennedy, em novembro de 1963, o texano Lyndon Johnson assume o
governo e mantém a estratégia de remover Jango, apelido de Goulart. O temor de
que o país se alinharia ao comunismo e influenciaria outros países da América
Latina, contrariando assim os interesses dos Estados Unidos, reforçaram os
movimentos pró-golpe.
Peter
Korneluh
A série mostra como os Estados
Unidos agiram para planejar e criar as condições para o golpe da madrugada de
31 de março. E, depois, para sustentar e reconhecer o regime militar do governo
do marechal Humberto Castelo Branco. Envergando uma roupa civil, ele assume o
poder em 15 de abril. Castelo era chefe do Estado Maior do Exército de Jango.
O governo norte-americano estava
preparado para intervir militarmente, mas não foi necessário, como ressaltam
historiadores e militares. O general Ivan Cavalcanti Proença, oficial da guarda
presidencial, resume: “Lamento que foi um golpe fácil demais. Ninguém assumiu o
comando revolucionário”.
Do Brasil, duas autoridades
americanas foram peças-chaves para bloquear as ações de Goulart e apoiar
Castelo Branco: o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon; e o general
Vernon Walters, adido militar e que já conhecia Castelo Branco. As cartas e o
áudio dos diálogos de Gordon com o primeiro escalão do governo americano são
expostas. Entre os interlocutores, o presidente Lyndon Johnson, Dean Rusk
(secretário de Estado), Robert McNamara (Defesa). Além de conversas telefônicas
de Johnson com George Reedy Dean Rusk; Thomas Mann (Subsecretário de Estado
para Assuntos Interamericanos) e George Bundy, assessor de segurança nacional
da Casa Branca, entre outros.
Foi uma das mais longas ditaduras da
América Latina. O general Newton Cruz, que foi chefe da Agência Central do
Serviço Nacional de Informações (SNI) e ex-comandante militar do Planalto,
conclui: “A revolução era para arrumar a casa. Ninguém passa 20 anos para
arrumar uma Casa”.
Em 1967, quem assume o Planalto é o
general Costa e Silva, então ministro da Guerra de Castelo. Da linha dura, seu
governo consolida a repressão. As conseqüências deste período da ditadura, seus
meandros políticos e ideológicos estarão na tela. Mortes, torturas,
assassinatos, violação de direitos democráticos e prisões arbitrárias fazem
parte desse período dramático da história.
O jornalista Flávio Tavares,
participou da luta armada, foi preso, torturado e exilado político. Através da
série, dirigida por seu filho Camilo Tavares, ele explora suas vivências e
lembranças. E mais: abre uma nova oportunidade de reflexão sobre o passado.
O Dia que durou 21 anos é uma
coprodução da TV Brasil com a Pequi Filmes, com direção de Camilo Tavares.
Roteiro e entrevistas de Flávio e Camilo.
Plínio de Arruda Sampaio
Primeiro
Episódio:
As ações do embaixador dos Estados
Unidos, Lincoln Gordon, ainda no governo Kennedy, são expostas neste primeiro
capítulo. O discurso do presidente João Goulart pregando reformas sociais
torna-se uma ameaça e é interpretado pelos militares como uma provocação. Nos
quartéis temia-se uma movimentação de esquerda e a adoção do comunismo, que
poderia se espalhar por outros países latinos. Entrevistas e reportagens da CBS
são reproduzidas, bem como diálogos entre Gordon e Kennedy.
O documentário expõe a efervescência
da sociedade brasileira naquele período. Para evitar que Goulart chegasse forte
às eleições de 1965, foi criado o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação
Democrática), que teria dado cobertura às ações dos Estudos Unidos para
derrubar João Goulart.
Segundo
Episódio:
Cenas da morte de John Kennedy e a
posse de Lyndon Johnson abrem este capítulo, dando sequência à estratégia dos
Estados Unidos de impedir ao que o ex-presidente americano chamou de “um outro
regime comunista no hemisfério ocidental”. “Vamos ficar em cima de Goulart e
nos expor se for preciso”, diria Jonhson.
Imagens focam no discurso de Jango
na Central do Brasil, em 13 de março de 1964, que foi considerado uma
provocação pelos arquitetos do golpe. Os americanos já preparavam o esquema,
enviando suas forças militares para o “controle das massas”, como se refere um
dos entrevistados. Paralelamente, articulações para levar Castelo Branco ao
poder estavam sendo engendradas.
As forças americanas não precisaram
entrar em campo. João Goulart pegou o avião, foi para Brasília e depois para o
sul do país. Por que Jango não reagiu”? É uma questão posta na tela. O general
Cavalcanti, oficial da guarda presidencial, resume: “Lamento que foi um golpe
fácil demais. Ninguém assumiu o comando revolucionário”.
Os Estados Unidos estavam
mobilizados para, em caso de resistência, fazer a intervenção militar pela
costa e assim ajudar os militares. As correspondências de Lincoln Gordon com o
primeiro escalão da Casa Branca são mostradas ao público, explorando as ações
secretas junto às Forças Armadas, a reação da imprensa e dos grupos católicos
no Brasil. Os Estados Unidos reconhecem o novo governo e imagens da vitória e
manifestações de rua entram em cenas.
James Green
Terceiro
Episódio:
O cargo de presidente é declarado
vago pelo presidente do Senado, Auro Moura de Andrade. O presidente da Câmara,
Ranieri Mazzilli, é empossado.
No dia 15 de abril, o chefe das
Forças Armadas, marechal Castelo Branco, toma posse.
Castelo tinha relações amistosas com
Vernon Walters, adido da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Depois de suas
conversas com Castelo, ele se ocupava em enviar telegramas para os Estados
Unidos, relatando o teor da conversa. Os textos dos telegramas são revelados no
episódio.
O governo Castelo Branco recrudesce
e dá início aos atos institucionais. O de número 2 extingue os partidos
políticos e torna as eleições indiretas. E mais: prorroga o seu mandato. Em
1967, ele é substituído pelo general Costa e Silva, da chamada linha dura do
Exército. O AI 5 é decretado no ano seguinte, e o Brasil entra no caos, “O AI5
foi uma revolução dentro da revolução”, declara o general Newton Cruz.
A repressão e a tortura dominavam o
país. Militares e estudiosos falam desse período. O brigadeiro Rui Moreira
Lima, da Força Aérea Brasileira, declara: “Eu conheci um coronel, filho de um
general, que veio de um curso de tortura no Panamá. Ele chegou e disse: agora
estou tinindo na tortura, pega aí um cara pra eu torturar”.
Os Estados Unidos continuam em campo
e Lincoln Gordon pede para o governo fortalecer ao máximo o regime
militar brasileiro. O orçamento da embaixada cresce, como registra o
historiador Carlos Fico, da UFRJ, um dos entrevistados de Flávio Tavares.
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