domingo, 24 de julho de 2011

Telma Regina Cordeiro Corrêa


Telma Regina Cordeiro Corrêa
PARA NÃO ESQUECER JAMAIS!

TELMA REGINA CORDEIRO CORRÊA (1947-1974)

Filiação: Celeste de Almeida Cordeiro e Luiz Durval Cordeiro
Data e local de nascimento: 23/07/1947, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: PCdoB
Data do desaparecimento: setembro de 1974
Nascida no Rio de Janeiro, Telma era casada com Elmo Corrêa e cunhada de Maria Célia Corrêa, igualmente desaparecidos no Araguaia. Foi estudante de Geografia em Niterói, na Universidade Federal Fluminense, de onde foi expulsa em 1968 pelo Decreto-Lei 477, devido a sua militância nas atividades do Movimento Estudantil. Militante do PCdoB, foi deslocada para a região do Araguaia em 1971, junto com o marido, indo morar nas margens do rio Gameleira. Ali, era conhecida como Lia e seu marido como Lourival. Integraram o Destacamento B das Forças Guerrilheiras do Araguaia. Segundo depoimentos colhidos junto à caravana de familiares na região, em 1981, pelo advogado paraense e representante da OAB, Paulo Fontelles (também ex-preso político, dirigente estadual do PCdoB e assassinado em 1987 por sua militância na denúncia dos crimes praticados por latifundiários no sul do Pará), Telma teria sido presa em São Geraldo do Araguaia (PA) e entregue a José Olímpio, engenheiro do DNER que trabalhava para o Exército. Passou a noite amarrada no barco desse funcionário, que a entregou aos militares em
Xambioá.

José Ferreira Sobrinho, o Zé Veinho, lavrador de idade avançada declarou aos familiares: "Só vi presa a Lia (Telma Regina Corrêa), que se entregou lá no Macário e foi presa. Aí o Macário mandou chamar o Zé Olímpio. Ela dormiu no barraco do Zé Olímpio, que era uma pessoa deles, do Exército. Ela tava sozinha. Disse que tava com um revólver 38 e um facão. Parece que o marido dela era chamado Lourival, esse dizem que tinham matado ele lá no Carrapicho. Isso foi no final. Ela falou que tavam as duas. A Valquíria mais ela.

Depois a Polícia foi para ela achar a outra. Ela não achou. Depois eu soube que pegaram essa outra... O Amadeu, um negro, morador, ajudou-as. Foi preso e muito espancado.

A Lia não sabia que tinham matado o marido dela. Quando ela foi presa, o Zé Olímpio trouxe ela para a base de Xambioá".

O jornalista Hugo Studart registra versão completamente diferente em A Lei da Selva: "Camponeses dizem ter sido presa pelo agente José Olímpio. Segundo militares, teria morrido de sede e fome, em JAN 74. Após escapar do Chafurdo de Natal e dos cercos posteriores, Lia teria rumado para oeste, perdendo-se numa região rochosa, sem água ou comida, algo raro. Seu corpo teria sido encontrado pelos militares meses depois. Junto, haveria um diário. Segundo os militares, Lia registrou que estava passando fome e sede, mas que não poderia morrer, pois ainda tinha muita coisa a passar para os outros guerrilheiros para que pudessem continua a causa. Escreveu que, quando estava na iminência de se entregar à morte, então cantava, a plenos pulmões, a canção dos guerrilheiros, repetindo sem cessar a estrofe que mais a animava (Guerrilheiro nada teme/ Jamais se abate/  Afronta a bala a servir/ Ama a vida, despreza a morte/ E vai ao encontro do porvir).(...) As últimas anotações de Lia registram palavras como 'estou nas últimas' e 'não agüento mais'. A letra já estava muito fraca, tremida, segundo um militar que leu o diário. Depois disso, nada mais escreveu".

Em 26/03/2007, o jornalista Leonel Rocha publicou no Correio Braziliense uma versão que, a exemplo da transcrição anterior de Hugo Studart, deve ser registrada com cautela. Trata-se do depoimento de um dos recrutas do Exército que serviram na área durante a repressão à guerrilha, e que vêm se articulando nos últimos anos para exigir da União uma indenização pecuniária por seqüelas que alegam lhes terem sido provocadas pelos combates.

Raimundo Antônio Pereira de Melo, formado em 1974 no 52º Batalhão de Infantaria de Selva, hoje com 53 anos, conta uma história completamente diferente para o desaparecimento de Telma, responsabilizando exatamente o capitão Pedro Correia Cabral, da Aeronáutica. Esse  oficial já escreveu um livro sobre o Araguaia, foi capa da revista Veja e prestou  contundente depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, com chocantes revelações sobre a "Operação Limpeza", determinada pelos altos poderes da República, em Brasília. Cabral sustenta que participou pessoalmente, como piloto de helicóptero, de uma missão hedionda de transporte de cadáveres de guerrilheiros, exumados após muitos meses e, portanto, já em adiantado estado de decomposição, para incineração no topo da Serra das Andorinhas numa fogueira onde se entremeavam restos mortais de combatentes e pneus.

Nessa matéria, Leonel Rocha apresenta como data do desaparecimento 7 de setembro: "Melo recorda-se da tarde do 7 de setembro de 1974.

Ele estava de guarda junto com dois colegas xarás, Raimundo Lopes de Souza e Raimundo Almeida dos Santos, quando chegou à base do Exército, em Xambioá, a guerrilheira Lia. Era o codinome de Telma Regina Cordeiro Corrêa. Eles vigiaram a militante do PCdoB durante toda a
noite. Melo relembra que ela só bebeu água antes de dormir. No dia seguinte pela manhã e armados com fuzil FAL, Melo e os colegas levaram Lia algemada e encapuzada para embarcar em um helicóptero. A prisioneira foi entregue viva ao então capitão Cabral.

O antigo soldado anotou a numeração do fuzil que usava no dia (106361) e a identificação do helicóptero (VH 1H) que transportou a guerrilheira.

Ele temia que um dia pudesse ser acusado de alguma irregularidade por ter sido o carcereiro de Lia. O ex-recruta conta que o capitão Cabral recebeu Lia presa, levantou vôo e  retornou com o helicóptero vazio à base de Xambioá apenas 20 minutos depois. Segundo Melo, o oficial disse, na ocasião, que tinha levado a mulher para Brasília, a cerca de mil quilômetros de distância.

'Entregamos a presa viva ao oficial. Ele é quem tem de dar conta do corpo até hoje desaparecido', diz Melo. Segundo informações das Forças Armadas, Lia teria sido morta em combate em janeiro de 1974, oito meses antes de Melo tê-la vigiado e entregue ao oficial Cabral. 'Estamos dispostos a testemunhar que entregamos a guerrilheira viva ao capitão', promete Melo".

Anteriormente, em 1974, a revista IstoÉ já tinha publicado matéria de Leandro Loyola que  aponta a data de setembro para o desaparecimento, a partir da mesma fonte: "Quatro meses  depois, no final da tarde de 7 de setembro, chegou Lia. Estudante de Geografia, ela estava na luta havia três anos com o marido, Elmo Corrêa, estudante de Medicina. Já viúva, Lia foi presa junto com a guerrilheira Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina, em São Geraldo, às margens do Rio  Araguaia.

Lia desceu do helicóptero encapuzada. Foi amarrada em um pau atrás da casa de comando da base. À meia-noite, depois do interrogatório dos oficiais, o soldado Raimundo Pereira foi chamado para montar guarda. 'Ela chorava muito', conta ele. Até as 4 horas da manhã, Lia só conseguiu cochilar um pouco. Pediu água, contou que era estudante e disse ser solteira. Depois suplicou para Raimundo amarrá-la sentada.

Dormiu com a cabeça para trás. Na manhã do dia 8 foi encapuzada de novo e escoltada por dois soldados até a pista de pouso, onde entrou em um helicóptero. Meia hora depois  o helicóptero voltou. Sem ela".

No relatório apresentado pelo Ministério da Marinha, em 1993, ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, a data registrada para a morte de Telma, no entanto, é janeiro de 1974.

 Mais informações
Deslocou-se para a região do Araguaia em 1971, juntamente com seu marido Elmo Corrêa indo morar às margens do Rio Gameleira e ingressando no Destacamento B da Guerrilha.
No início do ano de 1974 foi presa na casa do Sr. Macário em São Geraldo e entregue a José Olímpio, engenheiro do DNER que trabalhava para o Exército.
Passou a noite amarrada no barco de José Olímpio antes de ser entregue às autoridades em Xambioá.
(Depoimentos colhidos na região pelo advogado Paulo Fontelles, representante da OAB junto à Caravana de Familiares que estiveram no Araguaia à procura de informações em 1981.) Segundo o Relatório do Ministério da Marinha, "foi morta em janeiro de 1974".

(UFF), de onde foi expulsa em 1968 pelo Decreto-Lei 477, por suas atividades no movimento estudantil. Militante do PCdoB, Telma foi deslocada para a região do Araguaia em 1971, juntamente com o marido, indo morar nas margens do rio Gameleira. Ali, era conhecida como Lia, e seu marido, como Lourival. Ambos integraram o Destacamento B das forças guerrilheiras do Araguaia. Mais tarde, Telma (Lia) manteve relacionamento com Divino Ferreira de Souza, que morreu em outubro de 1973.

Segundo depoimentos colhidos na caravana de familiares à região ocorrida em 1981 - pelo advogado paraense e representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Paulo Fontelles (também ex-preso político, dirigente estadual do PCdoB e assassinado em 1987 por sua militância na denúncia dos crimes praticados por latifundiários no sul do Pará), Telma teria sido presa em São Geraldo do Araguaia (PA) e entregue a José Olímpio, engenheiro do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) que trabalhava para o Exército. Ela teria passado a noite amarrada no barco desse funcionário, que a entregou aos militares em Xambioá.
José Ferreira Sobrinho, o Zé Veinho, lavrador de idade avançada, declarou aos familiares da caravana: "Só vi presa a Lia (Telma Regina Corrêa), que se entregou lá no Macário e foi presa. Aí o Macário mandou chamar o Zé Olímpio. Ela dormiu no barraco do Zé Olímpio, que era uma pessoa deles, do Exército. Ela tava sozinha. Disse que tava com um revólver 38 e um facão. Parece que o marido dela era chamado Lourival, esse dizem que tinham matado ele lá no Carrapicho. Isso foi no final. Ela falou que tavam as duas. A Valquíria mais ela. Depois a polícia foi para ela
achar a outra. Ela não achou. Depois eu soube que pegaram essa outra O Amadeu, um negro, morador, ajudou elas. Foi preso e muito espancado. A Lia não sabia que tinham matado o marido dela. Quando ela foi presa, o Zé Olímpio trouxe ela para a base de Xambioá".

O jornalista Hugo Studart registra versão completamente diferente em A lei da selva: "Camponeses dizem ter sido presa pelo agente José Olímpio. Segundo militares, teria morrido de sede e fome, em J AN 74.

Após escapar do Chafurdo de Natal e dos cercos posteriores, Lia teria rumado para oeste, perdendo-se numa região rochosa, sem água ou comida, algo raro. Seu corpo teria sido encontrado pelos militares meses depois. Junto, haveria um diário. Segundo os militares, Lia registrou que estava passando fome e sede, mas que não poderia morrer, pois ainda tinha muita coisa a passar para os outros guerrilheiros para que pudessem continuar a causa. Escreveu que, quando estava na iminência de se entregar à morte, então cantava, a plenos pulmões, a canção dos guerrilheiros, repetindo sem cessar a estrofe que mais a animava (Guerrilheiro nada teme/ Jamais se abate/ Afronta a bala a servir/ Ama a vida, despreza a morte/ E vai ao encontro do porvir). [... ] As últimas anotações de Lia registram palavras como 'estou nas últimas' e 'não agüento mais'. A letra já estava muito fraca, tremida, segundo um militar que leu o diário. Depois disso, nada mais escreveu".

Em 26 de março de 2007, o jornalista Leonel Rocha publicou no Correio Braziliense uma versão que, a exemplo da transcrição anterior de Hugo Studart, deve ser registrada com cautela. Trata-se do depoimento de um dos recrutas do Exército que serviram na área durante a repressão à guerrilha e que vêm se articulando nos últimos anos para exigir da União uma indenização pecuniária por sequelas que alegam lhes terem sido provocadas pelos combates.

Raimundo Antônio Pereira de Melo, formado em 1974 no 52º Batalhão de Infantaria de Selva, conta uma história completamente diferente para o desaparecimento de Telma, responsabilizando o capitão Pedro Corrêa Cabral, da Aeronáutica. Esse oficial já escreveu um
livro sobre o Araguaia, foi capa da revista Veja e prestou depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, com chocantes revelações sobre a Operação Limpeza, que teria sido determinada pelos altos poderes da República, em Brasília.

Cabral sustenta que participou pessoalmente, como piloto de helicóptero, de uma missão de transporte de cadáveres de guerrilheiros - exumados após muitos meses e, portanto, já em adiantado estado de decomposição - para incineração no topo da Serra das Andorinhas, numa fogueira onde se entremeavam restos mortais de combatentes e pneus.

Na matéria publicada no Correio Braziliense, Leonel Rocha apresenta, como data do desaparecimento de Telma, o dia 7 de setembro:

"Melo recorda-se da tarde do 7 de setembro de 1974. Ele estava de guarda junto com dois colegas xarás, Raimundo Lopes de Souza e Raimundo Almeida dos Santos, quando chegou à base do Exército, em Xambioá, a guerrilheira Lia. Era o codinome de Telma Regina Cordeiro Corrêa. Eles vigiaram a militante do PCdoB durante toda a noite.

Melo relembra que ela só bebeu água antes de dormir. No dia seguinte pela manhã e armados com fuzil FAL, Melo e os colegas levaram Lia algemada e encapuzada para embarcar em um helicóptero. A prisioneira foi entregue viva ao então capitão Cabral.

"O antigo soldado anotou a numeração do fuzil que usava no dia (106361) e a identificação do helicóptero (VH 1H) que transportou a guerrilheira. Ele temia que um dia pudesse ser acusado de alguma irregularidade por ter sido o carcereiro de Lia. O ex-recruta conta que o capitão Cabral recebeu Lia presa, levantou voo e retornou com o helicóptero vazio à base de Xambioá apenas 20 minutos depois. Segundo Melo, o oficial disse, na ocasião, que tinha levado a mulher para Brasília, a cerca de mil quilômetros de distância. 'Entregamos a presa viva ao oficial. Ele é quem tem de dar conta do corpo até hoje desaparecido', diz Melo. Segundo informações das Forças Armadas, Lia teria sido morta em combate em janeiro de 1974, oito meses antes de Melo tê-la vigiado e entregue ao oficial Cabral. 'Estamos dispostos a testemunhar que entregamos a guerrilheira viva ao capitão', promete Melo".

Anteriormente, em 1974, a revista IstoE já tinha publicado matéria de Leandro Loyola que apontou o mês de setembro como a data do desaparecimento de Telma, a partir da mesma fonte: "Quatro meses depois, no final da tarde de 7 de setembro, chegou Lia. Estudante de Geografia, ela estava na luta havia três anos com o marido, Elmo Corrêa, estudante de Medicina. Já viúva, Lia foi presa junto com a guerrilheira Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina, em São Geraldo, às margens do rio Araguaia.

Lia desceu do helicóptero encapuzada. Foi amarrada em um pau atrás da casa de comando da base. À meia-noite, depois do interrogatório dos oficiais, o soldado Raimundo Pereira foi chamado para montar guarda.

'Ela chorava muito', conta ele. Até às 4 horas da manhã, Lia só conseguiu cochilar um pouco. Pediu água, contou que era estudante e disse ser solteira. Depois suplicou para Raimundo amarrá-la sentada. Dormiu com a cabeça para trás. Na manhã do dia 8 foi encapuzada de novo escoltada por dois soldados até a pista de pouso, onde entrou em um helicóptero. Meia hora depois o helicóptero voltou. Sem ela".

No relatório apresentado pelo Ministério da Marinha, em 1993, ao ministro da Justiça, Maurício Corrêa, a data registrada para a morte de Telma, no entanto, é janeiro de 1974.

Mais Detalhes.

(NÚCLEO TEMA REGINA - Núcleo da UJS na UFF.)
Telma Regina
TELMA REGINA CORDEIRO CORRÊA (1947-1974)


Nascida no Rio de Janeiro, Telma era esposa de Elmo Corrêa e cunhada de Maria Célia Corrêa, igualmente desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. Foi estudante de Geografia em Niterói, na Universidade Federal Fluminense (UFF), de onde foi expulsa em 1968 pelo Decreto-Lei 477, por suas atividades no movimento estudantil.

Militante do PCdoB, Telma foi deslocada para a região do Araguaia em 1971, juntamente com o marido, indo morar nas margens do rio Gameleira. Ali, era conhecida como Lia, e seu marido, como Lourival. Ambos integraram o Destacamento B das forças guerrilheiras do Araguaia.

Mais tarde, Telma (Lia) manteve relacionamento com Divino Ferreira de Souza, que morreu em outubro de 1973. Segundo depoimentos colhidos na caravana de familiares à região - ocorrida em 1981 - pelo advogado paraense e representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Paulo Fontelles (também ex-preso político, dirigente estadual do PCdoB e assassinado em 1987 por sua militância na denúncia dos crimes praticados por latifundiários no sul do Pará), Telma teria sido presa em São Geraldo do Araguaia (PA) e entregue a José Olímpio, engenheiro do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) que trabalhava para o Exército. Ela teria passado a noite amarrada no barco desse funcionário, que a entregou aos militares em Xambioá.

José Ferreira Sobrinho, o Zé Veinho, lavrador de idade avançada, declarou aos familiares da caravana: "Só vi presa a Lia (Telma Regina Corrêa), que se entregou lá no Macário e foi presa. Aí o Macário mandou chamar o Zé Olímpio. Ela dormiu no barraco do Zé Olímpio, que era uma pessoa deles, do Exército. Ela tava sozinha. Disse que tava com um revólver 38 e um facão. Parece que o marido dela era chamado Lourival, esse dizem que tinham matado ele lá no Carrapicho. Isso foi no final. Ela falou que tavam as duas. A Valquíria mais ela. Depois a polícia foi para ela achar a outra. Ela não achou. Depois eu soube que pegaram essa outra... O Amadeu, um negro, morador, ajudou elas. Foi preso e muito espancado. [...] A Lia não sabia que tinham matado o marido dela. Quando ela foi presa, o Zé Olímpio trouxe ela para a base de Xambioá". O jornalista Hugo Studart registra versão completamente diferente em A lei da selva: "Camponeses dizem ter sido presa pelo agente José Olímpio. Segundo militares, teria morrido de sede e fome, em JAN 74.

Após escapar do Chafurdo de Natal e dos cercos posteriores, Lia teria rumado para oeste, perdendo-se numa região rochosa, sem água ou comida, algo raro. Seu corpo teria sido encontrado pelos militares meses depois. Junto, haveria um diário. Segundo os militares, Lia registrou que estava passando fome e sede, mas que não poderia morrer, pois ainda tinha muita coisa a passar para os outros guerrilheiros para que pudessem continuar a causa.

Escreveu que, quando estava na iminência de se entregar à morte, então cantava, a plenos pulmões, a canção dos guerrilheiros, repetindo sem cessar a estrofe que mais a animava (Guerrilheiro nada teme/ Jamais se abate/ Afronta a bala a servir/ Ama a vida, despreza a morte/ E vai ao encontro do porvir). [...] As últimas anotações de Lia registram palavras como 'estou nas últimas' e 'não aguento mais'. A letra já estava muito fraca, tremida, segundo um militar que leu o diário. Depois disso, nada mais escreveu".

O Núcleo da União da Juventude Socialista da UFF homenageia esta importante lutadora dos jovens brasileiros!

Com informações do http://www.comunistas.spruz.co
m/mulheres3.htm

+ Detalhes.

Fundação Mauricio Grabois

Telma Regina Corrêa

Militante do PCdoB
Apelido: Lia
Cor: branca Altura: Idade: 27 anos Sexo: fem.
Tipo sangüíneo: Fator Rh:
Data e local de nascimento: 23/07/47, no Rio de Janeiro.
Filiação: Luís Durval Cordeiro/ Celeste Durval Cordeiro

Biografia: "Era estudante de Geografia da Universidade Federal Fluminense. Participou do movimento estudantil. Posteriormente, mudou-se com seu companheiro Elmo para a região do Gameleira.

Com o ataque das Forças Armadas a moradores da região, Telma e Elmo não vacilaram, ingressando ambos no Destacamento B das Forças Guerrilheiras do Araguaia.

Está desaparecida desde 1974."

Homenagens:

" Nome da antiga Rua 08, no Residencial Cosmo, em Campinas, com início na antiga Avenida 03 Cid.
Sat. Íris e término na Rua I 48 do Jd. Florence - Lei nº 9497, de 20/11/97.

" Nome de rua em Campinas - Lei nº 9497, de 20/11/97.

Dados referentes a prisão, morte e/ou desaparecimento:

Citada no Manifesto dos familiares dos mortos e dasaparecidos na guerrilha do Araguaia, no II Congresso Nacional Pela Anistia, novembro/79 - Salvador/BA, publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro de 11/04/80, ano VI, nº 69. Parte II.

Citada na Relação de pessoas dadas como mortas e/ou desaparecidas devido às suas atividades políticas, da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil - seção do Estado do Rio de Janeiro - outubro de 1982.

Relatório Arroyo: 30/12/73 - estava viva.

Relatório do Ministério Exército:- filha de Luiz Durval Cordeiro e de Celeste Durval Cordeiro, nascida em 23 Jul. 47 no Rio de Janeiro/RJ.

Militante do PC do B, deslocou-se em 1970 para a região do Araguaia, onde utilizava os codinomes "Maria", "Bolinha" e "Lia".

Relatório do Ministério da Marinha: - Nov./74 - relacionado entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural, levada a efeito pelo comitê central do PC do B, em Xambioá.

- Morta em Jan. 74.

Relatório do Ministério da Aeronáutica: Militante do PC do B, guerrilheira no Araguaia. Dada por diversas publicações e por seus parentes como "desaparecida". Neste órgão, não há dados que comprovem essa versão.

Casada com Elmo Corrêa, também guerrilheiro no Araguaia.
Arquivos do DOPS/SP:.

Fichas entregues ao Jornal O Globo, em 1996: - "Maria", "Lia", "Bolinha".

- IPF [ RG do Instituto Pereira Faustino] 2 176 948
- casada com Elmo Corrêa
- segundo depoimento de José Roberto Brun de Luna, estaria em Xambioá, com o marido - não foi localizada  segundo Tobias Pereira Jr, está na área Informações e depoimentos
Obtidos através da imprensa ou de familiares:

"José Ferreira Sobrinho, o Zé Veinho, lavrador de idade avançada declarou aos familiares:

..... toda quinta-feira tinha que viajar 3 léguas para assistir a reunião deles (do Exército). E aquilo era sem apelo. Se não fosse, tinha que explicar o motivo que não fui. Se não fosse, daí a pouco chegava 4 a 5 soldados. Lá nessas reuniões tinha o retrato do pessoal. O que eles iam pegando, iam tirando do mapa. Só vi presa a Lia, que se entregou lá no Macário e foi presa. Aí o Macário mandou chamar o Zé Olímpio.

Ela dormiu no barraco do Zé Olímpio, que era uma pessoa deles, do Exército. Ela tava sozinha. Disse que tava com um revólver 38 e um facão. Parece que o marido dela era chamado Lourival, esse dizem que tinham matado ele lá no Carrapicho. Isso foi no final. Ela falou que tavam as duas. A Valquíria mais ela. Depois a Polícia foi para ela achar a outra. Ela não achou. Depois eu soube que pegaram essa outra... O Amadeu, um negro, morador, ajudou-as. Foi preso e muito espancado. Perguntaram pra ele, se ele queria apanhar ou morrer. Ele disse que preferia morrer. Deram logo um tapa na cara dele. Ele estava com os olhos inchados, os dedos furados ...

A Lia não sabia que tinham matado o marido dela. Quando ela foi presa o Zé Olímpio, trouxe-a para a base de Xambioá.

Mas de tantas interrogações, uma deixou-nos varados de angústia. Onde estão os que foram presos, vivos? Dina, Áurea, Daniel, Rosinha, Lia, Nelito, Cristina, Josias, Duda, João Araguaia, dezenas talvez, onde estão?"

"Informações colhidas pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) entre a população da região da guerrilha indicam que Telma Regina Cordeiro Correa, Dinalva Oliveira Teixeira, Daniel Callado, Jana Moroni, Áurea Valadão e Maria Célia Correia, seis dos 59 desaparecidos, foram capturados pelo Exército.
Há testemunho de que Daniel Callado chegou com um ferimento no pé à cadeia de Xambioá, onde os prisioneiros eram torturados. O último vestígio de Daniel foram seus gritos, ouvidos na noite do mesmo dia, provavelmente quando era torturado."

" "Sr. Pedro Vicente Ferreira, conhecido por Pedro Zuza, (...)que dos guerrilheiros, o declarante conheceu Zé Ferreira, Mariadina, Tuca, Lia, Chica, João Goiano e Osvaldão, que conheceu como mariscador (caçador), e outros cujos nomes não se recorda;(...) ; que a turma que estava com Osvaldão era Mariadina, Tuca, Chica, Lia e o filho do Seu Américo e outras pessoas; (...)".

Texto do Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964, editado pelo governo de Pernambuco no governo Arraes.
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Blog "A Trincheira"

domingo, 30 de novembro de 2008
Carta de Telma Regina Cordeiro
Hoje, arrumando as gavetas, deparei-me com uma carta nunca antes publicada. Uma cópia da carta original me foi cedida pela sobrinha da militante comunista Telma Regina Cordeiro, autora do texto abaixo, desaparecida política, brasileira que lutou contra a ditadura militar na épica Guerrilha do Araguaia. Pelo ineditismo e importância histórica da carta, resolvi compartilhá-la com vocês. Nela, Telma anuncia aos pais sua decisão de se juntar aos revolucionários, na selva amazônica, num gesto comovente de desprendimento e patriotismo. Seus restos mortais nunca foram encontrados.

31/01/1971

Querida família,

Espero que vocês tenham entendido o que está ocorrendo. Estamos felizes e na certeza de que isto é realmente o que queríamos. Não poderíamos viver tranqüilos, sossegados na vida do "dia a dia", tendo consciência que é preciso fazer alguma coisa para libertar nosso povo dessa miséria e exploração. A revolução brasileira está em processo acelerado e não podemos nesta hora nos omitir e deixar de dar nossa contribuição efetiva. Ninguém vai lutar pelo nosso povo a não ser nós mesmos, cabe a nós esta nobre tarefa de ser vanguarda na luta pela libertação de nosso povo e do povo explorado do mundo todo...

Este mundo corrupto, infeliz, cheio de contradições, de miséria, de vícios que conhecemos, não deixaremos para os outros. Nas mãos de cada um de nós está esta responsabilidade. Qualquer homem comum é capaz de construir um mundo melhor. Para isso é necessário que se tenha disposição para lutar, dedicar-se de corpo e alma a esta tarefa, que é a maior contribuição que um homem pode dar à história, à humanidade...

Agora sabemos que nossa passagem pelo mundo foi importante. É necessário estar-se convicto para poder de sã consciência abdicar da vida privada, particular, para dedicar-se de corpo e alma a uma causa política universal... Estamos muito felizes... Esta foi a vida que de livre e espontânea vontade escolhemos... É movido pelo amor de vocês que lutamos. É pensando nos pais, filhos e irmãos que sofrem e morrem nas prisões. É pensando em milhões de famílias que vivem em condições subumanas, vendo seus filhos morrerem de fome... É para que todos possam ter o carinho e o amor de suas famílias, e possam ser felizes como nós, que lutamos...

Estamos aqui, porque precisam de nós. Este povo miserável, doente e analfabeto precisa de quem os ajude e nós estamos prontos para isso... Vocês devem ficar orgulhosos em saber que o quê nos ensinaram e a cultura que vocês nos possibilitaram ter, não está sendo utilizado à toa, que nós não nos corrompemos pelo dinheiro e fomos fiéis ao nosso ideal...

Esta vontade terrível de viver, esta alegria pela vida, este amor pelo homem, pela humanidade, esta esperança de um mundo melhor, aprendemos com vocês, em todas nossas alegrias e tristezas... Não deixaram que nos transformássemos em egoístas, individualistas. Quero que meus sobrinhos se orgulhem de mim... Quero que eles, ao serem adultos, desfrutem daquilo que me esforcei para deixar para eles... Alguém dizia: "Quem não conhece a verdade é apenas um ignorante, mas quem a conhece e a esconde é um criminoso".
..
Telma Regina Cordeiro Corrêa
Publicado por Bruno Ribeiro

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Blog ADjazzCÊNCIAS de Renato Modernell
domingo, 21 de novembro de 2010
O CANTO DE TELMA
Um trabalho recente me fez mergulhar nas biografias de mais de 150 militantes clandestinos que as Forças Armadas, passadas três décadas, ainda não assumem ter executado. O eufemismo desaparecidos me parece tão cínico, hoje, quanto a pecha de terroristas com que o governo da época os difamava. Nos últimos meses, li versões conflitantes sobre a prisão e a morte de cada um desses ditos desaparecidos.

Telma Regina Cordeiro Corrêa, militante carioca do PCdoB, combateu no Araguaia sob o codinome "Lia". Desapareceu em 1974, aos 27 anos. Segundo os militares, teria relatado em caligrafia trêmula seus últimos dias antes da prisão. Já sucumbia à fome e à exaustão. Ao pressentir a morte, Telma bradava uma canção de combate: "Guerrilheiro nada teme / Jamais se abate / Afronta a bala a servir / Ama a vida, despreza a morte / E vai ao encontro do porvir".

A atitude de Telma me trouxe uma lembrança. Aos seis ou sete anos, no sul, deparei com um tal de Anuário Inaciano em um quartinho de despejos no fundo de casa. Não sei por que cargas d'água aquilo teria ido parar no meio dos gibis. Impressionou-me a imagem de um padre que submergia preso em uma gaiola. Teria sido colocado ali pelos comunistas, claro. A detração ao inimigo (de ambos os lados) chegou ao ridículo durante a Guerra Fria. A Igreja também entrou nessa.

O que mais me espantou foi que o padre, com água pela cintura, brandisse o crucifixo para algozes supostamente ateus. Em face da morte, lançar um último sinal ao mundo seria um ato de bravura ou de exorcismo? Ou apenas o senso do dever? Engraçado, isso de a guerrilheira me recordar o padre. Se ele de fato existiu, e morreu por afogamento, presume-se que quisesse a figura de Cristo voltada para si. Assim como Telma, para conforto próprio, poderia limitar-se a recordar os versos da canção. Preferiu cantar. Na solidão da mata, quem poderia ouvi-la senão o ouvido do inimigo?

Pode não haver mais inimigos na hora da morte. Apenas o homem às voltas com seus símbolos. E o impulso de proclamar o que mereceu seu esforço para preencher o vazio.

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Outras Guerrilheiras do Araguaia

Muitos foram os nomes das mulheres que pegaram em armas e tornaram-se guerrilheiras, combatendo corpo a corpo contra a ditadura. Falar sobre cada uma delas seria escrever páginas e páginas da história, fazendo descobertas fascinantes e inesgotáveis.
Entre elas está Telma Regina Cordeiro Correa, conhecida como Lia. Nascida no Rio de Janeiro, em 23 de julho de 1947, foi estudante de Geografia da Universidade Federal Fluminense, de onde foi excluída em 1968.
Em 1971 deslocou-se para a região do Araguaia, ao lado do marido Elmo Corrêa, indo morar às margens do Rio Gameleira. Telma destacar-se-ia no Destacamento B da Guerrilha. Teria sido presa no início de 1974, em São Geraldo, na casa do Sr. Macário, e, entregue ao engenheiro José Olimpio, que trabalhava para o exército. Passou a noite amarrada no barco de José Olímpio, desnutrida e faminta, sendo entregue no dia seguinte, às autoridades em Xambioá. Segundo dados de um relatório da Marinha, teria sido morta em janeiro de 1974. Desde esta época, é considerada desaparecida. Ainda não tinha 27 anos completos.

Mais Detalhes.

Telma Regina Cordeiro Corrêa
Ter, 08 de Setembro de 2009 03:07 Heróis do Movimento Estudantil
Militante do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B).

Nasceu a 23 de julho de 1947 na cidade do Rio de Janeiro, filha de Luiz Durval Cordeiro e Celeste Durval Cordeiro.
Desaparecida desde 1974, na Guerrilha do Araguaia, aos 27 anos.
Universitária, estudante de Geografia da Universidade Federal Fluminense, de onde foi excluída em 1968 pelo Decreto-lei 477.
Deslocou-se para a região do Araguaia em 1971, juntamente com seu marido Elmo Corrêa indo morar às margens do Rio Gameleira e ingressando no Destacamento B da Guerrilha.

No início do ano de 1974 foi presa na casa do Sr. Macário em São Geraldo e entregue a José Olímpio, engenheiro do DNER que trabalhava para o Exército. Passou a noite amarrada no barco de José Olímpio antes de ser entregue às autoridades em Xambioá. (Depoimentos colhidos na região pelo advogado Paulo Fontelles, representante da OAB junto à Caravana de Familiares que estiveram no Araguaia à procura de informações em 1981.) Segundo o Relatório do Ministério da Marinha, "foi morta em janeiro de 1974".

HONRA E GLÓRIA AOS HERÓIS DO POVO!

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“Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada. É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.”
Carlos Drumond de Andrade