quinta-feira, 7 de abril de 2011

Feridas Que Não Cicatrizam II "Meu Sonho Era Ser Jornalista"

Foto Reprodução

Postagem Dag Vulpi 07/04/2011 20:30
Por: *Lara Gomes

Meu sonho era ser jornalista Dag, mas minha mãe não permitiu por medo do que tinha passado. Então por respeito ao seu sofrimento,me graduei em Matemática e os títulos foram em educação e Causas Humanitárias e Sociais.Os assassinos do meu pai foram 5 militares-Pegaram 30 anos de prisão cada um.Pena total 150 anos. Eu ainda menor, com 9 anos de idade fiz parte de toda a investigação, pois o seqüestraram numa segunda tentativa e a primeira eu estava presente. O que os levou a esperá-lo sozinho numa outra oportunidade. Fiz retrato falado de 3 dos assassinos. Um major da Inteligência do Exército veio até a minha cidade, quando descobriu que a filha menor do jornalista (EU) tinha identificado os criminosos.Se dizia meu tio, como nessa série do SBT, nossa casa era constantemente revirada, mesmo depois da morte do meu pai. Os assassinos nunca disseram quem mandou fazer o seqüestro seguido de morte e ocultação, que acabou não ficando oculto. Quando eu já estava na Universidade Católica da capital da Bahia,em 1984, 7 anos após o ocorrido,entrei na UNE e ele o ex-Major agora Coronel, apareceu e disse que eu deveria sair de política estudantil, pois era perigoso para a minha integridade física, e que como meu tio, me avisava pois gostava muito de mim. É lógico que seguí o conselho, mas só aí pude perceber que como Investigador no Período, ele veio tratar de maquiar aquela barbarie. A Causa Mortis do meu pai, foi DOR. O único osso que eles não quebraram foi o FÊMUR. E o corpo amarraram a uma pedra de chumbo com arame-farpado e jogaram no fundo de um rio. Mas para a má sorte deles, o corpo boiou e foi encontrado com a pasta de documentos amarrados ao mesmo.
Esse é um assunto proibido até hoje de se falar na minha família, mas, eu sabia que um dia esse Grito Abafado da Alma sairia. Esse foi o momento.
O meu pai morreu aos 39 anos falando 5 idiomas e sendo uma das pessoas mais humanitárias que tive o prazer de conviver.
Obrigada por me ouvir Dag. E para quem acha que só o amor une as pessoas. Digo que a dor é outra fiel aliada da união. Deixo aqui a minha gratidão pela sua gentileza em postar o meu texto no seu BLOG DITADURA VERDADES OMITIDAS, a minha solidariedade a tudo que enfrentastes pela causa do outro; e principalmente o agradecimento a Deus por teres sobrevivido para socializar e minimizar as indeléveis feridas do Período Ditatorial. Um grande abraço. Profª Lara Gomes
Pretendo encontrar um JORNALISTA para escrever um Livro:"Orfã da Ditadura"- Ainda que com PSEUDÔNIMOS.
Um beijo na alma querido - Larinha

*Lara Gomes Oliveira Profª Drª - Especialista em Educação Cidadã e Educação à Distância - Bahia

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“Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada. É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.”
Carlos Drumond de Andrade