O processo sobre os desaparecidos do Araguaia foi movido por familiares de 25 guerrilheiros e, portanto, a entrega desses corpos é o foco da sentença da juíza Solange Salgado – embora as buscas e os depoimentos tratem das histórias de todos, inclusive das vítimas da região que sequer tiveram suas mortes registradas.
Fonte: Google |
Recentemente, um militar que participou das operações e pediu sigilo de sua identidade entregou à juíza um papel com informações sobre qual teria sido o verdadeiro fim desses 25 guerrilheiros.
Reproduzimos a lista a seguir, com informações em itálico que confirmam ou colocam em dúvida a versão apresentada pelo militar para cada um desses casos. Isso não quer dizer que a história seja verdadeira – apenas mostra que há diversas indicações no mesmo sentido. A grafia dos nomes e o texto escrito pelo militar foram transcritos fielmente, mesmo quando errados.
1. Guilherme Gomes Lund (Luís) – Morto no combate de Natal, 25/12/73, no Grotão dos Caboclos, região da Serra das Andorinhas, quando fazia segurança para a Comissão Militar.
2. Maurício Grabois (Velho Mário) – Morto na manhã do Natal de 1973. Estava quase cego quando patrulhas do Exército chegaram ao acampamento onde ele estava.
3. Gilberto Olímpio Maria (Pedro Gil) – Morto no combate do Natal de 1973.
Nota da Pública: O chamado “chafurdo de Natal”, que atingiu a Comissão Militar da guerrilha, é fato confirmado, embora haja dúvidas sobre se ele teria sido um choque entre guerrilheiros e militares ou uma emboscada de paraquedistas.
4. Paulo Roberto Pereira Marques (Amaury) – Ferido no combate de Natal, se entregou em janeiro de 1974. Morreu em seguida em um ponto da selva.
Segundo o livro “Habeas-corpus”, da Secretaria de Direitos Humanos, o jornalista Hugo Studart (autor do livro “A Lei da Selva”) e o sargento José Vargas Jimenez (autor de “Bacaba”) dizem que Paulo Roberto morreu no combate de Natal. A versão de que ele teria se entregado é inédita, não-confirmada.
5. José Huberto Bronca (Fogoió) – Preso. Morreu em abril de 1974.
O Ministério da Defesa registra a data de sua morte em 13 de maio de 1974. O livro “A ditadura escancarada”, de Élio Gaspari afirma que ele foi “o último guerrilheiro morto”, preso, em janeiro de 1974, depois de denunciado por um camponês a quem pediu água, comida e o chão para repousar.
6. Dinaelza Santana Coqueiro (Maria Dina) – Presa por moradores na Fazenda Rainha do Araguaia. Amarrada por moradores, tentou queimar a corda num fogão à lenha. Morreu em abril de 1974.
Essa história é confirmada por outras fontes, inclusive por Zezão (José Gomes da Costa), morador da região, e vaqueiro da Fazenda Rainha do Araguaia, que acrescenta os detalhes em depoimento prestado ao GTT: “Mariadina lhe foi entregue por um camponês de nome Osvaldo, e ficou na casa de um seu trabalhador para passar a noite; que durante a noite ela se livrou das cordas, queimando-as e fugiu; que no dia seguinte foi localizada pelos seus cães em cima de uma árvore e tentou convencê-la a descer. Não conseguindo, o próprio Zezão, com um machado, corta a árvore que termina indo no chão. Ato contínuo faz sua prisioneira e comunica na Bacaba. Em seguida desce um helicóptero na fazenda com alguns homens, inclusive Curió, e a conduzem prisioneira. Não sabe informar para onde foi levada.
7. Vandick Coqueiro (João Goiano) – Levado a uma cobertura de ponto por Simão, o guerrilheiro foi preso. Morto em 12 de janeiro de 1974.
O Relatório Arroyo (do PC do B) registra que Vandick e sua mulher Dinaelza não compareceram a um ponto no dia 28/12/73 e a maioria dos documentos militares assinala sua morte em janeiro de 1974 (alguns no dia 12, outro no dia 17). Já o livro de Studart, baseado no Dossiê Araguaia, escrito por militares que participaram das operações, registra sua morte em setembro de 1974. Em nenhum dos casos à menção a Simão, codinome do guerrilheiro Cilon da Cunha Brum.
Reproduzimos a lista a seguir, com informações em itálico que confirmam ou colocam em dúvida a versão apresentada pelo militar para cada um desses casos. Isso não quer dizer que a história seja verdadeira – apenas mostra que há diversas indicações no mesmo sentido. A grafia dos nomes e o texto escrito pelo militar foram transcritos fielmente, mesmo quando errados.
1. Guilherme Gomes Lund (Luís) – Morto no combate de Natal, 25/12/73, no Grotão dos Caboclos, região da Serra das Andorinhas, quando fazia segurança para a Comissão Militar.
2. Maurício Grabois (Velho Mário) – Morto na manhã do Natal de 1973. Estava quase cego quando patrulhas do Exército chegaram ao acampamento onde ele estava.
3. Gilberto Olímpio Maria (Pedro Gil) – Morto no combate do Natal de 1973.
Nota da Pública: O chamado “chafurdo de Natal”, que atingiu a Comissão Militar da guerrilha, é fato confirmado, embora haja dúvidas sobre se ele teria sido um choque entre guerrilheiros e militares ou uma emboscada de paraquedistas.
4. Paulo Roberto Pereira Marques (Amaury) – Ferido no combate de Natal, se entregou em janeiro de 1974. Morreu em seguida em um ponto da selva.
Segundo o livro “Habeas-corpus”, da Secretaria de Direitos Humanos, o jornalista Hugo Studart (autor do livro “A Lei da Selva”) e o sargento José Vargas Jimenez (autor de “Bacaba”) dizem que Paulo Roberto morreu no combate de Natal. A versão de que ele teria se entregado é inédita, não-confirmada.
5. José Huberto Bronca (Fogoió) – Preso. Morreu em abril de 1974.
O Ministério da Defesa registra a data de sua morte em 13 de maio de 1974. O livro “A ditadura escancarada”, de Élio Gaspari afirma que ele foi “o último guerrilheiro morto”, preso, em janeiro de 1974, depois de denunciado por um camponês a quem pediu água, comida e o chão para repousar.
6. Dinaelza Santana Coqueiro (Maria Dina) – Presa por moradores na Fazenda Rainha do Araguaia. Amarrada por moradores, tentou queimar a corda num fogão à lenha. Morreu em abril de 1974.
Essa história é confirmada por outras fontes, inclusive por Zezão (José Gomes da Costa), morador da região, e vaqueiro da Fazenda Rainha do Araguaia, que acrescenta os detalhes em depoimento prestado ao GTT: “Mariadina lhe foi entregue por um camponês de nome Osvaldo, e ficou na casa de um seu trabalhador para passar a noite; que durante a noite ela se livrou das cordas, queimando-as e fugiu; que no dia seguinte foi localizada pelos seus cães em cima de uma árvore e tentou convencê-la a descer. Não conseguindo, o próprio Zezão, com um machado, corta a árvore que termina indo no chão. Ato contínuo faz sua prisioneira e comunica na Bacaba. Em seguida desce um helicóptero na fazenda com alguns homens, inclusive Curió, e a conduzem prisioneira. Não sabe informar para onde foi levada.
7. Vandick Coqueiro (João Goiano) – Levado a uma cobertura de ponto por Simão, o guerrilheiro foi preso. Morto em 12 de janeiro de 1974.
O Relatório Arroyo (do PC do B) registra que Vandick e sua mulher Dinaelza não compareceram a um ponto no dia 28/12/73 e a maioria dos documentos militares assinala sua morte em janeiro de 1974 (alguns no dia 12, outro no dia 17). Já o livro de Studart, baseado no Dossiê Araguaia, escrito por militares que participaram das operações, registra sua morte em setembro de 1974. Em nenhum dos casos à menção a Simão, codinome do guerrilheiro Cilon da Cunha Brum.
8. Cilon Cunha Brum (Simão) – Preso em janeiro. Atuou como guia para localizar depósitos de mantimentos e locais usados pela guerrilha. Foi levado a um ponto onde estava João Goiano. Morto em 27 de fevereiro de 1974.
Outras fontes relatam a prisão de Cilon pelos militares, dizendo que ele “andava solto na base” de Xambioá, “sem algemas, mas vigiado” (livro “Operação Araguaia”, de Eumano Silva e Taís Moraes, baseado em documentos do Centro de Informações do Exército). Não há nenhuma menção em nenhum depoimento sobre a entrega de Vandick.
9. André Grabois (Zé Carlos) – Morto em combate no dia 13 de outubro de 1973, juntamente com Alfredo (Antonio Alfredo de Lima) e João Gualberto Calatroni na região do Caçador.
Confirmado por outras fontes. O mateiro Manoel Lima, Vanu, disse em 2007 ao Correio Braziliense que “enterrou os três guerrilheiros na mesma cova” na região de Caçador.
10. Rosalindo Souza (Mundico) – Justiçado pela guerrilheira Dina próximo à casa de João do Buraco no dia 16 de agosto de 1973.
O mateiro Sinésio Martins diz que o Exército já encontrou Rosalindo enterrado quando prendeu João do Buraco e que desconhecia as circunstâncias de sua morte, atribuída a um tiro acidental disparada quando ele limpava a arma, nos diários de Maurício Grabois e no Relatório Arroyo (ambos do PC do B). Sinésio disse que o Exército desenterrou o corpo e cortou a cabeça de Rosalindo, exibida na base de Xambioá.
11. Valquíria Afonso Costa (Val) – Presa por um camponês, foi levada de helicóptero para a base militar de Xambioá. Morta em 1974 na mesma base.
Confirmado. Documentos das Forças Armadas divergem quanto à data da morte de Walk, como era chamada. A Marinha e o Ministério da Defesa registram o dia 25/10/74, enquanto o Dossiê Araguaia, aponta o dia 30/09/74. Várias testemunhas viram Walk viva na base de Xambioá e um ex-soldado e um mateiro afirmam que ela foi morta pelos militares no mesmo local depois de passar dias amarrada a uma árvore.
12. Arildo Valadão (Ari) – Morto numa emboscada de guias na região do Pau Preto, no dia 24 de novembro de 1973. Raul e Jonas conseguiram escapar. Teve sua cabeça cortada para fins de reconhecimento.
Confirmado. Leia a reportagem “Forçados a Matar”.
13. Miguel Pereira dos Santos – Morto em combate a 20 de setembro de 1972, durante as primeiras fases de repressão aos guerrilheiros.
Confirmado. Há variações de data entre 20 e 27 de setembro de 1972.
14. Maria Lúcia Petit (Maria) – Morta em emboscada em 16 de junho de 1972, próximo ao Pau Preto.
A morte de Maria Lúcia é atribuída a uma emboscada armada pelos militares depois que seu paradeiro foi denunciado por um camponês. Sua ossada foi encontrada em 1991 e, depois de identificada, sepultada pela família em 16 de junho de 1996.
15. Jaime Petit (Jaime) – Estava perdido na mata. Morto no dia 22 de dezembro de 1973. Teve a cabeça decapitada para fins de identificação.
Confirmado. Ver matéria “Forçados a Matar”.
16. Lúcio Petit (Beto) – Preso na casa de um morador. Foi levado de helicóptero para a Base da Bacaba. Morto em 2 de maio de 1974.
Diversos camponeses relatam que Lúcio foi preso pelo Exército na casa do camponês Manoelzinho das Duas e “interrogado por militares que chegaram de Brasília” e depois “levado de helicóptero e executado na mata” (A Lei da Selva). As datas variam: 21 de abril de 1974 (Operação Araguaia), julho de 1974 (Dossiê Araguaia) e 28 de abril de 1974 (Ministério da Defesa).
17. Idalísio Fonseca (Idalísio) – Morto em combate em 12 de julho de 1972. A resistência do guerrilheiro foi admirada pelos homens da patrulha.
O nome verdadeiro é Idalísio Soares Aranha Filho. As outras informações coincidem com diversos relatos e depoimentos. Só a data de sua morte varia: 13 de julho de 1972 (CIE); 13 de junho de 1972 (Ministério da Defesa).
18. Adriano Fonseca Filho (Queixada) – Morreu em 29 de novembro de 1973 ao desgarra de um grupo para apanhar um jabuti. Teve sua cabeça decapitada para fins de identificação.
Segundo Sinésio, outro mateiro, Raimundo da Pedrina, levou a cabeça de Adriano (ver matéria “Cabeças Cortadas”.
19. Luiza Augusta Garlippe (Tuca)- Presa em 24 de junho de 1974 na região do Rio Sororó, perto de Marabá. Levada para a base da Casa Azul, em Marabá, passou ainda um tempo na base de Bacaba. Foi morta em julho de 1974.
Confirmado. Há variações nas datas de prisão e morte: o Exército registra sua prisão em maio de 1974; a Marinha registra sua morte em junho de 1974; e o Ministério da Defesa, 16 de julho de 1974.
20. Antonio Guilherme Ribas (Zé Ferreira) – Morreu na mata em 19 de dezembro de 1973, dias antes da queda da comissão militar da guerrilha. Sua cabeça foi levada a Xambioá para fins de identificação.
Embora a maioria das informações confirme essas informações, nenhum documento anterior registra que sua cabeça foi cortada.
21. Luiz Rene Silveira e Silva (Duda) – Preso na casa de um morador juntamente com Hélio Magalhães, o Edinho, foi levado para a base militar de Bacaba. Morto na Clareira do Cabo Rosa, em Brejo Grande do Araguaia, em março de 1974.
O ex-guia Vanu conta que um helicóptero aterrissou trazendo três prisioneiros vendados, Antonio de Pádua, o Piauí, Luiz René da Silva, o Duda, e Maria Célia Corrêa, a Rosinha. Um oficial ordenou que caminhassem, com as mãos na cabeça. Centenas de tiros foram disparados contra eles. “As cabeças dos guerrilheiros ficaram totalmente destruídas, cheias de miolos e sangue expostos”, diz.
22. Daniel Ribeiro Callado (Doca) – Preso em Araguatins, após atravessar o Rio Araguaia. Levado para a base militar em Bacaba. Morreu em julho de 1974.
Dois soldados entrevistados pela Pública, Guido e Fonseca, dizem ter convivido com Daniel na base militar de Xambioá, não Bacaba, em 1974. Guido afirma que Daniel foi levado de helicóptero para a Serra das Andorinhas.
23. Antonio Carlos Monteiro Teixeira (Antonio da Dina) – Conhecido por ser o primeiro marido da guerrilheira Dina, Antonio ficou ferido quando enfrentou uma patrulha na mata. Chegou a ser preso vivo. Morreu em 21 de setembro de 1972.
As informações coincidem com a dos guerrilheiros; o Relatório Arroyo acrescenta: “Antonio foi gravemente ferido e levado para São Geraldo, onde foi torturado e assassinado. Escapou a companheira Dina, que sofreu um arranhão de bala no pescoço (provavelmente em 21/09/72)”.
24. Dinalva Teixeira (Dina) – Presa a 24 de junho de 1974 juntamente com Tuca na região do rio Sororó, perto de Marabá, quando tentava deixar o Pará. As duas foram entregues para militares que atuavam na base militar da Casa Azul, em Marabá, onde teria passado um tempo. Morreu em julho de 1974.
A história de Dina, a guerrilheira mais carismática ao lado de Osvaldão, é, como a dele, cheia de versões, inclusive a de que teria sido presa grávida, em alguns registros morta nessa condição, em outros depois de dar a luz. Matéria recente da Carta Capital, de Lucas Figueiredo, entrevistou índia que disse ter entregue o filho de Dina a um padre.
25. Jana Moroni Barroso (Cristina) – Levou um tiro pelas costas por um guia, que não tinha ordens para atirar na guerrilheira. A morte dela ocorreu a 8 de fevereiro de 1974.
Segundo o livro Habeas Corpus, da Secretaria de Direitos Humanos, “a discrepância entre a data de sua morte, indicada no relatório do Ministério da Marinha de 1993 como sendo 8 de fevereiro de 1974, e os depoimentos, apontando sua prisão em 2 de janeiro de 1974, concorrem para indicar que Jana tenha sido presa viva”. No entanto, o livro também registra o depoimento de dois guias que confirmam que Jana teria sido morta pelo guia José Catingueiro e foi criticado por militares que a queriam viva.
Outras fontes relatam a prisão de Cilon pelos militares, dizendo que ele “andava solto na base” de Xambioá, “sem algemas, mas vigiado” (livro “Operação Araguaia”, de Eumano Silva e Taís Moraes, baseado em documentos do Centro de Informações do Exército). Não há nenhuma menção em nenhum depoimento sobre a entrega de Vandick.
9. André Grabois (Zé Carlos) – Morto em combate no dia 13 de outubro de 1973, juntamente com Alfredo (Antonio Alfredo de Lima) e João Gualberto Calatroni na região do Caçador.
Confirmado por outras fontes. O mateiro Manoel Lima, Vanu, disse em 2007 ao Correio Braziliense que “enterrou os três guerrilheiros na mesma cova” na região de Caçador.
10. Rosalindo Souza (Mundico) – Justiçado pela guerrilheira Dina próximo à casa de João do Buraco no dia 16 de agosto de 1973.
O mateiro Sinésio Martins diz que o Exército já encontrou Rosalindo enterrado quando prendeu João do Buraco e que desconhecia as circunstâncias de sua morte, atribuída a um tiro acidental disparada quando ele limpava a arma, nos diários de Maurício Grabois e no Relatório Arroyo (ambos do PC do B). Sinésio disse que o Exército desenterrou o corpo e cortou a cabeça de Rosalindo, exibida na base de Xambioá.
11. Valquíria Afonso Costa (Val) – Presa por um camponês, foi levada de helicóptero para a base militar de Xambioá. Morta em 1974 na mesma base.
Confirmado. Documentos das Forças Armadas divergem quanto à data da morte de Walk, como era chamada. A Marinha e o Ministério da Defesa registram o dia 25/10/74, enquanto o Dossiê Araguaia, aponta o dia 30/09/74. Várias testemunhas viram Walk viva na base de Xambioá e um ex-soldado e um mateiro afirmam que ela foi morta pelos militares no mesmo local depois de passar dias amarrada a uma árvore.
12. Arildo Valadão (Ari) – Morto numa emboscada de guias na região do Pau Preto, no dia 24 de novembro de 1973. Raul e Jonas conseguiram escapar. Teve sua cabeça cortada para fins de reconhecimento.
Confirmado. Leia a reportagem “Forçados a Matar”.
13. Miguel Pereira dos Santos – Morto em combate a 20 de setembro de 1972, durante as primeiras fases de repressão aos guerrilheiros.
Confirmado. Há variações de data entre 20 e 27 de setembro de 1972.
14. Maria Lúcia Petit (Maria) – Morta em emboscada em 16 de junho de 1972, próximo ao Pau Preto.
A morte de Maria Lúcia é atribuída a uma emboscada armada pelos militares depois que seu paradeiro foi denunciado por um camponês. Sua ossada foi encontrada em 1991 e, depois de identificada, sepultada pela família em 16 de junho de 1996.
15. Jaime Petit (Jaime) – Estava perdido na mata. Morto no dia 22 de dezembro de 1973. Teve a cabeça decapitada para fins de identificação.
Confirmado. Ver matéria “Forçados a Matar”.
16. Lúcio Petit (Beto) – Preso na casa de um morador. Foi levado de helicóptero para a Base da Bacaba. Morto em 2 de maio de 1974.
Diversos camponeses relatam que Lúcio foi preso pelo Exército na casa do camponês Manoelzinho das Duas e “interrogado por militares que chegaram de Brasília” e depois “levado de helicóptero e executado na mata” (A Lei da Selva). As datas variam: 21 de abril de 1974 (Operação Araguaia), julho de 1974 (Dossiê Araguaia) e 28 de abril de 1974 (Ministério da Defesa).
17. Idalísio Fonseca (Idalísio) – Morto em combate em 12 de julho de 1972. A resistência do guerrilheiro foi admirada pelos homens da patrulha.
O nome verdadeiro é Idalísio Soares Aranha Filho. As outras informações coincidem com diversos relatos e depoimentos. Só a data de sua morte varia: 13 de julho de 1972 (CIE); 13 de junho de 1972 (Ministério da Defesa).
18. Adriano Fonseca Filho (Queixada) – Morreu em 29 de novembro de 1973 ao desgarra de um grupo para apanhar um jabuti. Teve sua cabeça decapitada para fins de identificação.
Segundo Sinésio, outro mateiro, Raimundo da Pedrina, levou a cabeça de Adriano (ver matéria “Cabeças Cortadas”.
19. Luiza Augusta Garlippe (Tuca)- Presa em 24 de junho de 1974 na região do Rio Sororó, perto de Marabá. Levada para a base da Casa Azul, em Marabá, passou ainda um tempo na base de Bacaba. Foi morta em julho de 1974.
Confirmado. Há variações nas datas de prisão e morte: o Exército registra sua prisão em maio de 1974; a Marinha registra sua morte em junho de 1974; e o Ministério da Defesa, 16 de julho de 1974.
20. Antonio Guilherme Ribas (Zé Ferreira) – Morreu na mata em 19 de dezembro de 1973, dias antes da queda da comissão militar da guerrilha. Sua cabeça foi levada a Xambioá para fins de identificação.
Embora a maioria das informações confirme essas informações, nenhum documento anterior registra que sua cabeça foi cortada.
21. Luiz Rene Silveira e Silva (Duda) – Preso na casa de um morador juntamente com Hélio Magalhães, o Edinho, foi levado para a base militar de Bacaba. Morto na Clareira do Cabo Rosa, em Brejo Grande do Araguaia, em março de 1974.
O ex-guia Vanu conta que um helicóptero aterrissou trazendo três prisioneiros vendados, Antonio de Pádua, o Piauí, Luiz René da Silva, o Duda, e Maria Célia Corrêa, a Rosinha. Um oficial ordenou que caminhassem, com as mãos na cabeça. Centenas de tiros foram disparados contra eles. “As cabeças dos guerrilheiros ficaram totalmente destruídas, cheias de miolos e sangue expostos”, diz.
22. Daniel Ribeiro Callado (Doca) – Preso em Araguatins, após atravessar o Rio Araguaia. Levado para a base militar em Bacaba. Morreu em julho de 1974.
Dois soldados entrevistados pela Pública, Guido e Fonseca, dizem ter convivido com Daniel na base militar de Xambioá, não Bacaba, em 1974. Guido afirma que Daniel foi levado de helicóptero para a Serra das Andorinhas.
23. Antonio Carlos Monteiro Teixeira (Antonio da Dina) – Conhecido por ser o primeiro marido da guerrilheira Dina, Antonio ficou ferido quando enfrentou uma patrulha na mata. Chegou a ser preso vivo. Morreu em 21 de setembro de 1972.
As informações coincidem com a dos guerrilheiros; o Relatório Arroyo acrescenta: “Antonio foi gravemente ferido e levado para São Geraldo, onde foi torturado e assassinado. Escapou a companheira Dina, que sofreu um arranhão de bala no pescoço (provavelmente em 21/09/72)”.
24. Dinalva Teixeira (Dina) – Presa a 24 de junho de 1974 juntamente com Tuca na região do rio Sororó, perto de Marabá, quando tentava deixar o Pará. As duas foram entregues para militares que atuavam na base militar da Casa Azul, em Marabá, onde teria passado um tempo. Morreu em julho de 1974.
A história de Dina, a guerrilheira mais carismática ao lado de Osvaldão, é, como a dele, cheia de versões, inclusive a de que teria sido presa grávida, em alguns registros morta nessa condição, em outros depois de dar a luz. Matéria recente da Carta Capital, de Lucas Figueiredo, entrevistou índia que disse ter entregue o filho de Dina a um padre.
25. Jana Moroni Barroso (Cristina) – Levou um tiro pelas costas por um guia, que não tinha ordens para atirar na guerrilheira. A morte dela ocorreu a 8 de fevereiro de 1974.
Segundo o livro Habeas Corpus, da Secretaria de Direitos Humanos, “a discrepância entre a data de sua morte, indicada no relatório do Ministério da Marinha de 1993 como sendo 8 de fevereiro de 1974, e os depoimentos, apontando sua prisão em 2 de janeiro de 1974, concorrem para indicar que Jana tenha sido presa viva”. No entanto, o livro também registra o depoimento de dois guias que confirmam que Jana teria sido morta pelo guia José Catingueiro e foi criticado por militares que a queriam viva.
Fonte: Fundação Mauricio Grabois
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