Esposa de Virgílio, Ilda Martins da Silva foi presa e torturada pela ditadura. (Foto: Regina Grammont) |
O comandante Jonas foi o responsável pela coordenação política do sequestro político do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, em 1969. Dias depois, foi detido e morto pelas forças de repressão da ditadura. “Esta é a grande oportunidade de prestarmos uma justa e digna homenagem à memória de um homem que lutou contra a injustiça e a opressão da ditadura militar”, afirma o vereador Francisco Chagas (PT), autor da iniciativa.
A cerimônia deve contar com a presença de Ilda Martins da Silva, esposa de Virgílio, também presa e torturada. Apesar de não ter militância política, Ilda foi mantida incomunicável durante quatro meses, ficando longe dos filhos, ainda pequenos.
A família partiu para o exílio em Cuba. Desde o retorno, no início da década de 1990, os parentes lutam para reaver os restos mortais de Virgílio. O corpo do militante foi enterrado há 42 anos no Cemitério de Vila Formosa, mas o local de seu sepultamento permaneceu desconhecido durante mais de 30 anos.
Apenas recentemente, graças a um esforço em conjunto do Sindicato dos Químicos, do qual Virgílio foi dirigente, e do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo foi possível pressionar as autoridades brasileiras para que dessem início às buscas pelo corpo. No ano passado, após ação do Ministério Público Federal, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Polícia Federal e o Instituto Médico Legal paulista começaram escavações no cemitério, o maior da América Latina.
As várias fases da operação revelaram a existência de uma vala clandestina na qual foram colocados corpos que podem ou não ser de militantes. Além disso, foi localizada uma ossada que pode ser de Sérgio Corrêa, outro integrante da ALN.
Os militares usaram Vila Formosa para a ocultação de cadáveres pelo menos até 1969, valendo-se de uma área imensa e de um local para o qual eram encaminhados os corpos de indigentes. Além disso, quando se passou a utilizar com mais frequência o Cemitério de Perus, na zona oeste, para a mesma finalidade, promoveu-se uma descaracterização da necrópole da zona leste. Árvores foram plantadas, algumas quadras foram renumeradas e outras deixaram de existir.
Além disso, trata-se de um cemitério com pouco registro dos sepultamentos, mesmo após a redemocratização, e os corpos são retirados das valas após intervalos curtos, o que dificulta ainda mais a localização dos restos mortais de Virgílio. Por isso, os familiares de mortos e desaparecidos avaliam em conjunto com o Ministério Público a construção de um memorial em homenagem às vítimas da repressão, uma ideia que ganhou neste ano o apoio da ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.
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