Restos mortais são principal achado de nova fase de buscas e tem características compatíveis com as de desaparecido político
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
A ossada de um homem que recebeu um tiro na cabeça foi encontrada em setembro pelo grupo que busca corpos de guerrilheiros mortos na região do Araguaia (divisa entre os Estados do Pará e Tocantins) no período da ditadura militar (1964-1985).
Análises iniciais mostraram que os restos mortais têm características compatíveis com as de um desaparecido político cujo nome é mantido em sigilo. A família dele já foi avisada e forneceu amostras para exames de DNA.
Os restos mortais com perfuração por arma de fogo são considerados o principal achado da atual fase de buscas no Araguaia, que já dura cerca de três anos.
No período já foram verificadas mais de 100 ossadas na região e apenas cinco foram enviadas para a realização de exames de DNA ao INC (Instituto Nacional de Criminalística) da Polícia Federal e ao IML (Instituto Médico Legal) de Brasília.
Segundo a Folha apurou, a descoberta de setembro foi feita na entrada do cemitério da cidade de Xambioá (TO), perto do local onde foram encontradas as ossadas de dois militantes do PC do B, Maria Lúcia Petit da Silva e Bergson Gurjão Farias, no ano de 1991.
Os corpos dos dois guerrilheiros foram oficialmente identificados em 1996 e 2009, respectivamente.
Maria Amélia de Almeida Teles, integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, confirmou à Folha a descoberta do corpo com a marca de tiro. Segundo ela, o nome do guerrilheiro com características compatíveis com as da ossada encontrada no Araguaia está sendo mantido em sigilo para preservar a família do militante, que já teria sofrido um abalo com a notícia da descoberta.
A comissão de familiares faz parte do grupo de buscas GTA (Grupo de Trabalho Araguaia), que reúne também representantes dos ministérios da Justiça, da Defesa e entidades ligadas à defesa dos direitos humanos.
Nesta semana teve início a quarta expedição do grupo neste ano.
Jeferson Evangelista Corrêa, legista-chefe do INC, um dos integrantes da missão, também confirmou a descoberta da ossada com perfuração por tiro.
Segundo o legista, a importância do achado só é comparável à descoberta, em meados de 2011, de restos mortais ao lado de ampolas semelhantes às usadas pelos guerrilheiros do Araguaia. Essa ossada também passa por exames de DNA em Brasília.
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