A
Comissão Nacional da Verdade decidiu apurar os crimes cometidos pelo Estado
durante a ditadura militar. A decisão consta em resolução publicada ontem (17)
no Diário Oficial da União, que restringe as investigações aos crimes
cometidos por agentes públicos ou a serviço do Estado. A resolução indica,
portanto, que supostos crimes atribuídos a opositores do regime ditatorial, que
vigorou no Brasil de 1964 a 1985, não serão alvo de análise. De acordo com a
assessoria de imprensa da comissão, a decisão atende a regras já previstas em
lei e em acordos internacionais em que o Brasil é signatário.
Embora
os crimes cometidos durante o período ditatorial sejam o principal alvo das
investigações, o colegiado, no entanto, não deixará de apurar crimes recentes
que, de acordo com o entendimento formado nas últimas reuniões, são praticados
sob influência do período militar. Na semana passada, em reunião no Recife
(PE), a comissão tomou a decisão de também incluir em relatório arbitrariedades
contra presos, por exemplo.
A
decisão de apurar crimes atuais foi tomada após a discussão na capital
pernambucana sobre denúncias de violações de direitos humanos feitas pelo
Conselho de Direitos Humanos da Paraíba. Reportagem apresentada durante a
reunião denunciava maus-tratos a 80 presos no estado, que se encontravam
recolhidos em uma única cela nus e sem acesso a banheiro. Essas violações
constarão de um relatório a ser elaborado com recomendações para o Poder
Público.
De
acordo com a assessoria da Comissão da Verdade, o entendimento foi de que a
violação de direitos dos presos é uma prática da ditadura militar que persiste
nos dias de hoje, por isso, a comissão incluirá o assunto no relatório.
Na
audiência em Pernambuco, a Comissão Estadual de Memória e Verdade Dom Helder
Câmara apresentou à Comissão Nacional da Verdade as apurações feitas sobre quatro
casos emblemáticos de violações ocorridos no período da ditadura no estado de
Pernambuco: os desaparecimentos de Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier, o
assassinato do Padre Henrique, o atentado sofrido por Cândido Pinto (que o
deixou paraplégico) e as torturas sofridas por Gregório Bezerra, quando foi
preso pelo Exército em 1º de abril de 1964.
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