segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A ação do PCBR na Paraíba- uma história em construção


Por Waldir Porfírio, no site Comissão Estadual da Verdade 
A história do Partido Comunita Braileiro Revolucionário (PCBR) na Paraíba ainda está sendo construída pela Comissão Estaudal da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba. Com os documentos e as audiências públicas deverá ser concluída essa história de jovens que arriscaram suas vidas no enfrentamento do regime militar. Abaixo, segue um artigo escrito pelo membro da Comissão, Waldir Porfírio, que retrata um pouco a ação do PCBR na Paraíba. 

A fundação do PCBR
A realização do processo para o Congresso do PCB, em meados de 1967, marcou a dissidência interna entre aqueles que defendiam a luta pacífica e a luta armada para derrotar o regime militar. O grupo de militantes do PCB paraibano, composto por Rômulo Araújo, Emilson Ribeiro, Eric Rosas e Eraldo Fernandes, integrantes da União Juventude Comunista, elegeram Eduardo Ferreira (Batata) para representá-los na Conferência Municipal do partido, com a atribuição de fazer uma homenagem a Luiz Carlos Prestes, defender a Luta Armada e se colocar ao lado da linha radical da Conferência.
Mantida as divergências internas sobre esse tema, esse grupo de militantes estudantis se afinou com a Corrente Revolucionária, comandada pelo jornalista Mário Alves, dirigente do Comitê Central do PCB. Nesse período, veio de Recife para João Pessoa um militante (“Augusto”) para prestar assistência ao grupo local. Numa de suas visitas a Paraíba, ele trouxe a “Resolução Política da Primeira Conferência da Corrente”.
Em abril de 1968, não podendo mais conviver nesse dilema, a Corrente Revolucionária deixa o PCB e fundam, no Rio de Janeiro, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). A estrutura da nova organização era formada por um Comitê Central, com treze membros e dirigido por Mário Alves; Comissão Executiva, com seis membros; e um Secretariado constituído por três membros. Além dessa estrutura, existiam os Comitês Regionais; Comitês Zonais; um Comando Político Militar Nacional e Comandos Políticos Militares Regionais, com finalidade de treinar Guerrilheiros e ensinar a confecção de bombas de fabricação caseira.
Da Paraíba foi designado para participar da reunião de fundação do PCBR, na qualidade de observador, o militante Rômulo Araújo, que foi para Recife e, em companhia de um companheiro (Fred), viajou para o Rio de Janeiro de ônibus. Na reunião foi tratado o tema da “Tomada do Poder e a implantação de um Governo Revolucionário”.
Na Paraíba o Comitê de Zona (CZ) do PCBR era composto por Eduardo Ferreira, como presidente, e como membros da direção: Rômulo Araújo, José Emilson (responsável pelo setor secundarista), Eraldo Fernandes, Eric Rosas (responsável pelo setor universitário), Washington Alves Rocha, Antonio Soares de Lima Filho (Help) e Eldson Fontes Vital. Um dos primeiros documentos enviados pela direção nacional do PCBR a Paraíba foi “Esboço de uma linha Militar”, que orientava a formar Brigadas de Autodefesa, cuja finalidade era criar grupos para enfrentar a polícia, propiciando a fuga dos manifestantes em passeatas. Outro item do documento tratava dos “Novos Métodos de Trabalho”, que consistia em tomar medidas de segurança, como não utilização permanente de nomes de guerra; não guardar material de propaganda nas residências; queima de manuscritos; escrever em papel o essencial e depois queimá-lo; e, por fim, não declarar nada a Polícia, caso fosse pego. Por fim, tinha o item Luta Armada, que mostrava a montagem de um esquema de guerrilhas distribuída em urbana, rural, suburbana e local.
            Na execução das tarefas do PCBR paraibano, Eduardo Ferreira, além de dirigir a organização no Estado, tinha a tarefa de formar uma base operária e abrir uma organização de base na Faculdade de Medicina; José Emilson, de contatar com pessoas da zona rural para formar base, distribuição de panfletos, pichação e agitação popular; Eraldo Fernandes, montar a organização em Santa Rita; Rômulo Araújo, montar uma Frente no curso de Direito, com o recrutamento de estudantes para o PCBR (ele tentou trazer para a organização Germana Correia Lima, grande oradora da Faculdade de Direito e do Restaurante Universitário, e Nobel Vita, colega de curso).
            No movimento secundarista na cidade de João Pessoa, foram constituídas organizações de base do PCBR no Roger e Liceu. Já no movimento estudantil universitário, apesar de não possuir uma organização de base consolidada, o partido tinha certo poder de intervenção, tendo participado do Congresso Regional da União Nacional dos Estudantes, realizado em setembro de 1968 na cidade de Salvador, Bahia, com a presença dos militantes: Rômulo Araújo, Eric Jenner Rosas, Eraldo Fernandes dos Santos. Acompanharam os militantes do PCBR nesse Congresso os delegados eleitos: Francisco Barreto e Germana Correia Lima, da Faculdade de Direito; Aluízio Sobreira, da Faculdade de Engenharia; e Kenneth Jaguaribe, da Escola de Enfermagem.
GEPS – Grupo de Estudos Políticos e Sociais, reunindo estudantes em locais como Palácio do Bispo e Salão da Igreja de Lourdes, esta tinha como padre José Trigueiro. Participavam do GEPS Erivaldo Guimarães, Frederic Guilherme de Araújo (Fred), José Maria Gomes da Silva, Alcides, Hilton (morador próximo a Igreja do Róger), Alberto “Pingüim”. A principal atividade desse grupo foi a distribuição de um panfleto no Cine Plaza em 1969, tendo vida curta. Erivaldo, José Maria e Fred deixaram o GEPS e ingressaram no PCBR, a convite de José Emilson.
Os “Aparelhos” do PCBR
As primeiras reuniões do PCBR na Paraíba ocorreram num Aparelho no Bairro de Cruz das Armas, localizado na Avenida Desembargador Novais, nº 305, onde residia José Emilson Ribeiro. Nesse Aparelho foi guardado um duplicador a álcool, um duplicador a óleo (oriundo do Comitê Municipal do PCB), jornais, panfletos, livros, etc., e foram rodados dois panfletos do PCBR em repúdio a morte do estudante secundarista Edson Luiz (redigido por Eduardo Ferreira) e alusivo ao Congresso da União Nacional dos Estudantes (oriundo do PCBR de Pernambuco). Os panfletos foram distribuídos no Colégio Estadual Central (Liceu Paraibano), no Restaurante Universitário da Lagoa e na Universidade Federal da Paraíba.
Depois, em junho de 1968, para maior segurança da organização, transferiram o aparelho do PCBR para uma casa alugada em nome de Alberto Magno no Bairro da Torre, situada na Rua São Sebastião, 125, funcionando naquela localidade até dezembro do mesmo ano.
Naquele aparelho não foram rodados panfletos, mas era destinado à realização de reuniões. Em uma delas, ocorrida em outubro de 1968 e com a participação de dois membros de Pernambuco (Hilton e Fred) e um de Natal (Lucas), foi discutido a feitura de um jornal regional do PCBR, com quotas para a Paraíba e Rio Grande do Norte; desorganização das finanças do partido na Paraíba; falta de segurança no Aparelho da Torre; encaminhamento para o Congresso da UNE; discussão da linha política e militar do partido; endereço para recebimento de correspondências; estudo da estrutura do PCBR e luta armada; realização de ativo de campo e de secundaristas; preparação física dos elementos do grupo; realização de pichamento regional entre os dias 14 e 20 de agosto.
Após o governo militar ter baixado o Ato Institucional nº 5, os militantes do PCBR transferiram, no mês de janeiro de 1969, o Aparelho do bairro da Torre para o bairro Cidade dos Funcionários, que tinha como proprietário o militante Alberto Magno. O Aparelho funcionou naquele bairro até julho de 1969, no número 745, da Rua São Sebastião. Suspeitando de um estranho que se aproximou da porta da casa, perguntado se vendia fósforo, a direção da organização decidiu que deveriam, novamente, sair do lugar por questão de segurança.
Sabedores de que o estudante e militante do PCBR, Marcos Guilherme de Miranda Batista, tinha como conseguir as chaves de uma casa de veraneio dos seus avôs, situada na Avenida Olinda, nº 400, no bairro de Tambaú, da Capital paraibana, não pensaram duas vezes, e fizeram a mudança numa kombi pertencente ao pai do jovem José Gentil Trigueiro Bezerra, irmão do militante Adauto Trigueiro. A casa de Tambaú possuía duas salas, três quartos, cozinha, banheiro e uma despensa.
No Aparelho existia a “Biblioteca Che Guevara” e eram guardadas chapas frias para os veículos conseguidos de amigos ou roubados para ações da organização, tanto no transporte de materiais de propaganda do PCBR, quanto na retirada do estado de militantes mais visados pelos órgãos da repressão e até mesmo no assalto.
Participaram de reuniões no Aparelho de Tambaú os membros da direção do PCBR José Emilson Ribeiro, Eraldo Fernandes, Eduardo Ferreira e Eric Rosas, também os militantes Alberto Magno, Eduardo Jorge (filho do Reitor da UFPB, o militar do Exército Guilhardo Martins).
No terceiro depoimento de Marcos Guilherme este afirmou que, além do fuzil pequeno de 1908, escondido num dos quartos da casa, também existiam um rifle calibre 44 (22), um revólver da marca Taurus, calibre 38, uma pistola da marca FN, calibre 6,35. Os cartuchos de balas eram adquiridos em Campina Grande.
Afora os Aparelhos, os militantes do PCBR se reunião na residência de Eric Rosas, na sede do Diretório Central dos Estudantes da UFPB, no Restaurante Universitário e nas ruas e praças da de João Pessoa.
O roubo dos cálices e outras ações
Durante uma reunião no Aparelho da Torre, os militantes Emilson Ribeiro, Adauto Trigueiro e Alberto Magno discutiram forma de obter dinheiro para comprar uma granja e montar um Aparelho. A maneira de atingir esse objetivo era praticar furtos para compra de armas, visando assaltos a bancos e empresas.
Surgiu a idéia de roubar os cálices das Igrejas Nossa Senhora de Lourdes, do Rosário e da Catedral, pensando serem de ouro. Pelo plano, eles entrariam nessas igrejas para assistir as missas e se esconder antes delas terminarem. Após todos irem embora e as igrejas fecharem as portas, eles roubariam os cálices e deixariam os locais perto de meia-noite. Por questão de segurança, deixaram as outras duas igrejas e levaram a cabo o plano do furto só na Catedral, quando Alberto Magno conseguiu retirar da sacristia dois cálices de “ouro”.
Deixando o local do crime, os três militantes levaram os cálices para esconder na casa de Adauto Trigueiro e foram comemorar a ação de “expropriação” do grupo. Passado um mês do furto, os cálices foram levados para o Aparelho da Torre. Não conseguindo vende-los ao PCBR de Pernambuco, levaram os cálices ao ourives para poder avaliá-los. Tiveram uma surpresa quando o especialista informou que os mesmos não eram de ouro.
Frustrada essa ação, Emilson Ribeiro, Adauto Trigueiro e Alberto Magno decidiram assaltar a empresa de ônibus do Varjão, localizada na rua 2 de fevereiro, no bairro do Varjão. Após promoverem o levantamento do local e das condições para executar a ação, foi marcado o dia de promovê-la. Seria um sábado, por volta de meia-noite, que era quando o proprietário recebia o “apurado” do cobrador do ônibus. Entretanto, a falta de um carro fez com que fosse suspenso o roubo.
Por volta do mês de março de 1969, compareceu a João Pessoa, vindo de Recife, o dirigente regional do PCBR, Ronaldo Dutra Machado (Júlio), para apresentar aos militantes do PCBR local o documento “Operações e Táticas Guerrilheiras”, pertencente a “Esquerda Revolucionária”. O documento mostrava os problemas que a “Frente Guerrilheira” estava enfrentando naquele momento e única saída era conseguir dinheiro, por meio de assaltos a bancos e empresas, visando manter a infra-estrutura da organização e a sobrevivências de seus militantes. Precisariam para essas ações, segundo ficou definido naquela reunião que ocorreu no Aparelho da Torre, conseguir automóveis, armas, máscaras, óculos e chapéus.
Na definição das tarefas, José Emilson tratou de fazer um levantamento sobre os estabelecimentos bancários e as grandes empresas instaladas em João Pessoa. Eraldo Fernandes foi destinado a fazer um diagnóstico sobre a Fábrica Portela, que funcionava na Rua da República.
Outro plano dos militantes do PCBR era assaltar o Moinho Teone, em Cabedelo. Adauto Trigueiro, destacado para fazer o reconhecimento da área, visitou o moinho nos dias 26 e 27 de fevereiro de 1969. Depois fizeram o mesmo reconhecimento os militantes Emilson Ribeiro e Alberto Magno. Novamente, a ação não foi concretizada por falta de um automóvel.
Vendo a necessidade de ter um carro para a execução do assalto a empresa de ônibus do Varjão, Emilon Ribeiro, Alberto Magno e Adauto Trigueiro tentaram roubar um caso no Bairro de Jaguaribe, novamente sem obter êxito.
Assalto a Souza Cruz
A ação mais ousada dos militantes do PCBR foi o planejamento de um assalto a Companhia de Cigarros Souza Cruz. Participaram do plano Eduardo Ferreira Lima, Eraldo Fernandes, Emilson Ribeiro, Alberto Magno e Adauto Ferreira. As informações sobre o funcionamento interno da empresa e os horários que os funcionário do Banco da Lavoura de Minas Gerais recolhiam o dinheiro da empresa, foram fornecidas pelo militante Alberto Magno, que trabalhava na Sousa Cruz.
Enquanto Magno anotava as movimentações internas, Adauto e Emilson fizeram, no final de abril de 1969, o reconhecimento da área externa da Companhia de Cigarros, conhecendo quais as melhores ruas para efetuar a fuga após o assalto e o horário de menor trêfego de automóveis.
Para não cometer os mesmos erros nas ações anteriores (falta de automóvel no dia do assalto), os militantes Adauto Trigueiro, Emilson Ribeiro, Eduardo Ferreira e Eraldo Fernandes fizeram uma reunião, no Aparelho da Cidade dos Funcionários, para discutir e decidir sobre as medidas necessárias para que o plano não fosse malogrado. Na pauta da reunião estava a questão do carro que seria usado no assalto, armamentos, meias de mulheres para cobrir os rostos, óculos escuros, chapéus, data da ação e itinerário da fuga.
Anterior a essa reunião, havia acontecido outra, com a participação dos membros do PCBR de Pernambuco (“Júlio” - Ronaldo Dutra Machado, “Silva” ou “Lucas”) onde foi debatido todo o plano do assalto, o dia e horário marcado, ficando acertado que a direção regional do partido daquele estado contribuiria com a vinda de três militantes, fornecimento de armamento e carros para ajudar ao assalto a Souza Cruz. Quando tratou da questão de quem ficaria com o dinheiro, a proposta de divisão entre o PCBR dos dois estado não foi aceita pelos pernambucanos. Eles queriam ficar com todo o produto do roubo e deixariam as armas, veículos e dinheiro para o pagamento do Aparelho para os militantes da Paraíba.
Não chegando a nenhuma conclusão, os militantes pernambucanos voltaram para Recife se comprometendo em fazer nova reunião para tentar um entendimento, o que não aconteceu.
Os membros do PCBR da Paraíba, por conta da divergência, decidiram fazer o assalto a Souza Cruz por conta própria, sem a ajuda dos companheiros de Pernambuco. Para isso, definiram que Eduardo Ferreira buscaria conseguir um automóvel, enquanto que Eraldo Fernandes e Emilson Ribeiro se encarregariam de conseguir o restante do material.
Marcaram o assalto para o dia 3 de maio, um sábado. Eduardo Ferreira conseguira um volks de cor vermelha e o estacionou ao lado do prédio do Tribunal de Justiça[1]. Entregou as chaves a Adauto Trigueiro que buscaria o carro, trocaria as placas e o levaria ao Aparelho da Cidade dos Funcionários.
Logo que chegou, entraram no carro Eduardo Ferreira e Emilson Ribeiro, e foram pegar Eraldo Fernandes, que os esperava próximo ao Posto Fiscal. Nervosos, verificaram se todos estavam com suas armas e máscaras nos bolsos[2]e, depois, colocaram os óculos escuros, luvas cirúrgicas e chapéus para não serem reconhecidos. Dirigiram o automóvel para o Centro de João Pessoa, estacionando-o próximo a empresa Souza Cruz por volta do meio dia, que ficava na Praça João Pedro Gonçalves. Espantados, viram a presença de um caminhão sendo descarregado, em frente ao prédio da Souza Cruz, fato que não estava previsto no plano original. Estacionaram o carro próximo a Igreja de São Francisco para trocar idéia sobre o incidente. Depois de 10 minutos de discussão, voltaram ao local da Souza Cruz e não viram mais o caminhão, mas notaram que as portas da empresa estavam fechadas e os trabalhadores estavam indo embora. Diante disso, decidiram adiar o assalto e devolver o volks ao seu proprietário.
Era preciso, então, buscar um novo automóvel. Para isso, um grupo de militantes do PCBR, formado por Emilson Ribeiro, Eduardo Ferreira e Eraldo Fernandes, dirigiu-se à praia de Tambaú, local preferido dos casais de namorados “motorizados”. Escolheram um que estava estacionado no local com seus ocupantes praticando sexo, e anunciaram o assalto. Depois de retirar o casal do carro, pretendiam levá-lo para Campina Grande, onde ficaria escondido até o dia do assalto. Para infelicidade do grupo, o automóvel faltou gasolina e tiveram que abandoná-lo na área circunzinha de Santa Rita. Quando retornaram com o combustível, o carro já não estava no local, porque a polícia havia localizado e recambiado para João Pessoa.
Para surpresa de todos os militantes do PCBR da Paraíba, no dia 5 de maio os meios de comunicação noticiaram o assalto a Souza Cruz, nos moldes que haviam planejado. Não tiveram dúvida: a ação foi executada pelos companheiros da organização de Pernambuco, que tinham conhecimento do plano elaborado no Aparelho do bairro da Cidade dos Funcionários.
Fugas e prisões
Segundo depoimento de Guilherme, a descoberta do “aparelho” só aconteceu porque “um individuo, na madrugada de sábado para domingo último, haver tentado furtar uma máquina das que havia na casa, e a vizinha ter comunicado o fato à polícia”.
Logo após o Aparelho ter sido descoberto pela polícia, os militantes ficaram aterrorizados, especialmente, os membros da direção do PCBR, principais alvos das investigações. No domingo a noite do desmantelamento do Aparelho, o irmão de José Emilson Ribeiro foi à casa de Alberto Magno para avisar que ele estava lhe esperando num terreno próximo ao Clube Astréa. Foi nesse momento que Magno soube do fato e foi aconselhado por Emilson a fugir com ele para Recife, porque “a Polícia Federal iria apurar tudo, correndo sérios riscos para todos os membros do Grupo”. Informou ainda que fosse para a capital pernambucana a pé, “evitando se pego em ônibus de linha normal”.
Magno recusou a proposta de fugir para Recife e viver na clandestinidade, preferindo correr o risco e ficar em João Pessoa.
Dois dias após o Aparelho de Tambaú ter sido descoberto pela polícia, José Emilson procurou Adauto Trigueiro em sua casa, pedindo dinheiro para fugir da Paraíba. Não possuindo, levou Emilson na Kombi do seu pai até a casa dos fundos da Catedral. Depois de conversar com Dom José Maria Pires do perigo de vida que estava correndo, Emilson Ribeiro conseguiu do religioso certa quantia de recursos que garantiria a sua fuga para Recife.
Eduardo Ferreira (Batata) se encontrou com Newton Veloso Pimentel, conhecido como Newton Pistola, estudante do curso de Agronomia de Areia, e fugiram para o Recife, viajando de lá para o Rio de Janeiro, de onde conseguiu sair do País com destino ao Chile.
Noites em claras e muros pichados
            Na madrugada de um dos dias de abril de 1968 o silêncio das ruas do Centro de João Pessoa foi cortado pelo barulho de um automóvel DKW, dirigido pelo estudante de direito da UFPB, Francisco de Paula Barreto. Ele conduzia um grupo de militantes do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) que tinha decidido fazer algumas pichações em muros da Capital.
Uma das pichações foi no muro da Faculdade de Filosofia (FAFI), que, com tinta spray, esse grupo de deixou registrado a sua palavra de ordem: “Tudo por um governo popular revolucionário, um universitário livre, abaixo o MEC-USAID, povo organizado derruba ditadura”.
A ação de pichamento de muros do PCBR foi estendida aos bairros da Torre, Jaguaribe e Tambiá, nestes denunciando a morte do estudante Edson Luiz, e outra no muro da Igreja da Cidade dos Funcionários, com os dizeres: “Guerrilha: Guerra do Povo”.
Artigo de Waldir Porfírio - Membro da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória, advogado, psicólogo e escritor.

O Volks pertencia ao professor José Maria, da Faculdade de Engenharia, que havia emprestado o carro a Eduardo Ferreira para uma viagem.
Adauto e Eraldo estavam portando pistolas calibre 38; Eduardo uma pistola 7,65; e Emilson uma pistola 45 e uma beretta;

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“Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada. É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.”
Carlos Drumond de Andrade