Rua Tomás Carvalhal, 1030, fundos da 36ª Delegacia de Polícia, onde funcionava a Oban. |
Seu membro mais famoso foi o major Carlos Alberto Brilhante Ustra.
A OBAN foi lançada oficialmente em junho de 1969. Teriam participado do ato de lançamento da OBAN, no dia 1º de julho de 1969, em São Paulo, o governador da época, Roberto Costa de Abreu Sodré, o secretário de Segurança Pública, Hely Lopes Meireles, o general José Canavarro Pereira, comandante do II Exército, e os comandantes do VI Distrito Naval e da 4ª Zona Aérea.
No entanto, o ex-governador Abreu Sodré negou qualquer envolvimento com a OBAN. O prefeito da capital paulista à época, Paulo Maluf, também refutou as versões de que teria dado apoio à iniciativa. Nada foi apurado oficialmente contra esse dois políticos.
As ordens para a montagem de um organismo que reunisse elementos das Forças Armadas, da Polícia Estadual - civil e militar - e da Polícia Federal para o trabalho específico de combate à subversão, foram dadas ao final de 1968 pelo Ministro da Justiça, professor Luís Antônio da Gama e Silva, numa reunião dos secretários de Segurança em Brasília, e pelo general Carlos de Meira Matos, que estava na chefia da Inspetoria Geral das Polícias Militares. A reunião, chamada "Seminário de Segurança Interna", discutiu toda uma estratégia de combate aos opositores do regime.
Sua sede foi instalada no número 1030 da rua Tomás Carvalhal, nos fundos do 36° distrito policial, na capital paulista.
Seu primeiro comandante foi o tenente-coronel do Exército Waldir Coelho Pode-se dizer que a partir daí o Exército entrou de corpo inteiro no combate às forças de esquerda e principalmente, naquele momento, às que se dispunham a desenvolver a luta armada para a implantação de um governo comunista no Brasil. Mas não apenas estas: professores universitários eram vigiados e frequentemente abordados por agentes da organização.
Sem vínculos formais, ou legais,a OBAN era em essência uma formação paramilitar de ação direta e violenta à margem da lei, o que lhe dava agilidade e brutal eficácia.
Era financiada por doadores privados como o Grupo Ultragás, Ford, GM, Grupo Camargo Corrêa, Grupo Objetivo, Amador Aguiar (Bradesco) entre outros e pelos bens tomados de suas vítimas. Entre os doadores, havia os que apoiavam com entusiasmo a repressão e outros que contribuíam a contragosto, sob pressão.
Entre esses doadores, destaca-se a figura de Henning Albert Boilesen, dinamarquês naturalizado brasileiro, diretor do Grupo Ultra. Segundo versões, contestadas por sua família e nunca apuradas oficialmente, chegou a participar de sessões de tortura e teria inventado uma ferramenta de tortura que levou seu nome: a Pianola de Boilesen, uma espécie de teclado que emitia choques elétricos em quem o premesse. Também há a suposição de o empresário era colaborador da CIA, mas nenhum dos fatos fora devidamente comprovado até hoje.
Em 15 de abril de 1971 ele foi morto na capital paulista por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada por Carlos Lamarca.
Investigações posteriores revelaram que Lamarca planejava executar ainda os empresários Pery Igel e Sebastião Camargo, que também supostamente davam suporte financeiro à repressão aos grupos armados de esquerda.
Em 1970, a OBAN, embora ainda conhecida como tal, já está mais legalizada. Está enquadrada pelo Destacamento de Operações Internas/Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Funciona ainda como OBAN, mas ao colocá-la sob a jurisdição do DOI-CODI, pretendia-se diminuir a sua autonomia, o que na prática não acontecerá. Em 1970, quem comanda a OBAN – oficialmente o DOI-CODI – é Carlos Alberto Brilhante Ustra, major de artilharia do Exército, conhecido também, nas rodas da tortura, pelos codinomes de Major, Doutor Silva e Doutor Tibiriçá. Carlos Brilhante Ustra contudo se defende das acusações de tortura em seu livro "Rompendo o Silêncio" disponível em http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=28&Itemid=30.
A ação da OBAN, como dos demais órgãos de repressão aos grupos de esquerda, só começou a arrefecer para enfim cessar a partir da abertura lenta e gradual promovida pelo presidente Ernesto Geisel.
Parte desta história começou a ser revelada no início dos anos 90 com a descoberta da vala clandestina do cemitério de Perus e as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal. Corpos de indigentes, vítimas do esquadrão da morte e presos políticos, mostravam que a vala foi depósito de todo tipo de violência do regime militar.
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