Filiação: Maria Ferreira de Ornellas e Henrique Cintra de Ornellas
Data e local de nascimento: por volta de 1920, em Itapira (SP)
Organização política ou atividade: não consta
Data e local da morte: 21/08/1973, Brasília (DF)
Data da publicação no DOU em: 25/06/1996
Data e local de nascimento: por volta de 1920, em Itapira (SP)
Organização política ou atividade: não consta
Data e local da morte: 21/08/1973, Brasília (DF)
Data da publicação no DOU em: 25/06/1996
Paulista de Itapira mas radicado no Paraná, o advogado Henrique Cintra Ferreira de Ornellas era viúvo de Yara Walkyria de Carvalho Ornellas, com quem teve dois filhos, Manoel Augusto e Juliana. Antes do exame do processo pela CEMDP, a única informação citada no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos era de que, segundo informações prestadas à imprensa pelo general Antônio Bandeira, Henrique teria se suicidado no 8º Agrupamento de Artilharia Antiaérea, em Brasília, onde estava preso para averiguações. A verdadeira história de sua morte, conforme documentos anexados ao processo, foi então conhecida.
Henrique foi preso em Arapongas (PR), conforme descrito no livro de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, Dos Filhos Deste Solo: "As prisões iniciaram-se no dia 18 de agosto de 1973 como demonstração de prepotência e de força, típicas da época: quatro peruas Veraneio da PF e do Exército invadiram a chácara onde renderam Ornellas e seus dois filhos, Manoel (17 anos) e Juliana (15 anos). Ornellas ficou algemado por várias horas enquanto tudo era revistado, devassado. Procuravam túneis secretos e provas de sua vinculação com os criminosos a que assistia como advogado criminalista mais conhecido e procurado da região". Foram presos também dois outros advogados, um tabelião e comerciantes da cidade.
Henrique foi conduzido inicialmente ao 30º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército, em Apucarana (PR), sendo transferido no dia seguinte para Brasília num avião da FAB. Três dias depois, em 21/08/1973, quando teria sido encontrado sem vida em sua cela, enforcado com três gravatas de tergal pretas e um cinto preto, usava o mesmo pijama com que fora preso. O inquérito aberto para "apurar responsabilidades de componentes de uma quadrilha de assaltantes", à qual estaria ligado, não comprovou qualquer envolvimento seu em atividades criminosas.
O livro de Nilmário e Tibúrcio também registra que "a OAB protestou contra as prisões arbitrárias e as calúnias oficiais, e por intermédio do advogado Luís Carlos Sigmaringa Seixas, assistiu aos detidos. Dirigentes da OAB do Paraná, Rio, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Amazonas, Pará e Brasília foram a Arapongas acompanhar o enterro, apesar do clima repressivo, e a OAB desagravou publicamente os advogados presos".
A prisão de Ornellas por possíveis atividades políticas já constava no próprio comunicado oficial da Polícia Federal, publicada pela imprensa:
"o advogado Henrique Ornellas (...) perpetrou suicídio na tarde de ontem, nesta Capital Federal, onde se achava detido à disposição deste Departamento (...), após sua prisão (...), em operação efetivada pela PF, em decorrência da instauração de inquérito policial destinado a apurar responsabilidades de componentes ligados à subversão, que vinham atuando em alguns Estados da Federação (...)". O legista Hermes Rodrigues de Alcântara definiu como causa mortis "asfixia por enforcamento".
Em seu voto, o relator do processo na CEMDP lembrou que o advogado Henrique Ornellas envolveu-se em atividades políticas em 1963, quando se candidatou a vereador na cidade de Arapongas (PR). Sua prisão, segundo a portaria de instauração de Inquérito Policial baixada pelo diretor-geral da Polícia Federal, estava baseada no fato de "apenas apurar responsabilidades de componentes de uma quadrilha de assaltantes, corruptores, falsificadores e homicidas, com possíveis ligações com a subversão, que vem atuando em alguns Estados da Federação, em especial nos estados do Paraná, São Paulo, Goiás e Mato Grosso". E conclui que o processo traz "prova eloqüente do suicídio do advogado, prova pericial e testemunhal: o suicídio deu-se em Quartel do Exército e foi aberto IPM para apurar os fatos cuja cópia consta do Processo". Termina seu parecer declarando que Henrique Ornellas "foi preso, entre outras acusações, por motivos de supostas atividades subversivas e faleceu por causas não-naturais na prisão". O requerimento dos familiares foi dessa forma aprovado por unanimidade na Comissão Especial, sendo que dois integrantes desse colegiado fizeram registrar em ata que não concordavam com a tese de suicídio, acatada pelo relator.
Mais Informações.
HENRIQUE ORNELAS FERREIRA CINTRA ADVOGADO EM ARAPONGAS, NO PARANÁ.
Segundo nota oficial e declarações prestadas à imprensa pelo Gen. Antônio Bandeira, Henrique teria se suicidado no 8° Grupo de Artilharia Antiaérea, em Brasília, onde se encontrava preso para averiguação de possíveis ligações subversivas.
Mais Detalhes.
6:02 \ Judiciário
MP investiga desaparecidos políticos no DF 1
O Ministério Público Federal em Brasília abriu inquérito civil na sexta-feira para apurar a possível responsabilidade de autoridades das Forças Armadas no desaparecimento de quatro perseguidos políticos em Brasília durante a ditadura. O MP pretende descobrir o que efetivamente ocorreu com Abelardo Rausc de Alcântara, Epaminondas Gomes de Oliveira, José Porfírio de Souza e Henrique Cintra Ferreira de Ornellas. A suspeita é que tenha havido a participação de agentes do governo no sumiço ou na morte em circunstância misteriosa dos quatro, ocorridas entre fevereiro de 1970 e agosto de 1973. Em investigações preliminares do Ministério Público, as Forças Armadas alegaram não ter documentos quaisquer documentos dos perseguidos.
Por Lauro Jardim
FICHA
Henrique Cintra Ferreira de Ornellas
Ficha Pessoal
Dados Pessoais
Nome: Henrique Cintra Ferreira de Ornellas
Atividade: Advogado
Dados da Militância
Morto ou Desaparecido: Morto 0/0/1973
Brasília DF Brasil 8º Grupo de Artilharia Antiaérea
Segundo nota oficial.
Clandestinidade
Dados da repressão
Orgãos de repressão (envolvido na morte ou desaparecimento) Força Aérea Brasileira FAB Brasil
Biografia
Documentos Parte de livro Teles, Janaína (org.). Mortos e desaparecidos políticos: reparação ou impunidade? São Paulo: Humanitas - FFLCH/USP, 2000. p.172-176. Lista de nomes dos presos políticos cujas famílias receberam indenização do governo por este ter assumido a responsabilidade pela morte ou desaparecimento dos mesmos.
Infelizmente nunca vamos ter provas de que mataram ele na prisão.... pois sempre esconderao a verdade
ResponderExcluirHenrique foi meu Avô, por culpa de bandidos, corruptos eu já mais o conheci, e ainda graças a tudo que fizeram meu pai e minha Tia passam por problemas psicologicos até hoje.
ResponderExcluirAinda temos que conviver com o fantasma do passado, obrigados a ouvir da população de Arapongas que o bandido era meu Avô.