quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Padre expulso pelos militares participará de celebração em Palmares

Depois de 31 anos, a espera acabou para o padre italiano Vito Miracapillo. O pároco desembarca hoje, às 21h30, no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, para dar entrada com a documentação de revalidação do visto de permanência no Brasil. O aval para isso foi dado pelo Ministério da Justiça, em outubro do ano passado. Miracapillo também vai participar das festas de 50 anos da Diocese de Palmares.
O religioso foi expulso do Brasil durante o regime militar, após decreto assinado pelo então presidente João Baptista Figueiredo, com base no Estatuto do Estrangeiro (a lei nº 6.815). Miracapillo atraiu contra si a ira dos militares ao se recusar a celebrar uma missa em homenagem ao Sete de Setembro, na cidade de Ribeirão, Mata Sul de Pernambuco. A recusa, na época, foi porque ele não considerava o Brasil um país livre.
A concessão de revalidação do visto, segundo o ex-deputado e advogado do religioso, Pedro Eurico, “levou em conta o abuso e a ilegalidade da medida, com base na doutrina da segurança nacional, época em que o povo não tinha independência por ser uma ditadura. Antes da ação requerida junto ao Ministério Público, Vito podia vir (ao Brasil) apenas como turista” e tinha um prazo de 90 dias de estadia.

“Considero um ato de justiça, porque a restituição do título é o reconhecimento de que a expulsão foi arbitrária e, feita a leitura deste caso hoje, percebeu-se que não tinha por que não conceder o visto”, comentou dom Genival Saraiva de França, bispo da Diocese de Palmares. Saraiva reforçou que espera Miracapillo de braços abertos, no próximo dia 13, para a celebração da criação da Diocese.

O processo que resultou na expulsão do padre foi resultado da denúncia formulada pelo então deputado estadual Severino Cavalcanti (PP), hoje prefeito de João Alfredo. O religioso, na época, foi acusado de subversivo pelo deputado. O episódio, por outro lado, é visto como página virada pelo filho de Severino, o deputado estadual José Maurício, também do PP.

“Muita coisa mudou. Estamos vivendo um novo Brasil, que caminha junto à democracia e à liberdade de expressão. Naquela época meu pai era deputado e agiu de acordo com o regime daquele tempo. Não foi ele quem determinou a expulsão e sim o presidente João Figueiredo”, afirmou. Miracapillo ainda espera uma posição de sua diocese, na Itália, para saber se poderá voltar a residir no Brasil.

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“Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada. É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.”
Carlos Drumond de Andrade