sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Audálio Dantas lança “As duas guerras de Vlado Herzog”



O livro do jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Audálio Dantas, “As duas guerras de Vlado Herzog: da Perseguição Nazista na Europa à Morte sob Tortura no Brasil”, foi lançado na noite de terça-feira (13), no auditório da entidade, denominado Vladimir Herzog, exatamente em homenagem ao jornalista assassinado pelos militares nos porões da ditadura.
Audálio ressaltou a importância de efetuar o lançamento do livro no auditório Vladimir Herzog, na entidade dos jornalistas. “A história da resistência à ditadura militar, no episódio do Vlado, praticamente começou neste local. Até hoje não se tem uma dimensão exata do que o Sindicato representou na luta pela democratização do país. Mas posso dizer que escolhi este espaço para lançar o livro por que sei do significado dele para todos os que lutam por justiça e pela democracia”, disse.
De Vlado a Vladimir Herzog 
Da fuga desesperada dos Herzog da Europa rumo ao Brasil ao obscuro suicídio de Vladimir Herzog na carceragem do DOI-CODI de São Paulo, “As duas guerras de Vlado Herzog” refaz a trajetória do pequeno menino judeu que se transformou em uma das vítimas mais emblemáticas da ditadura militar no Brasil. Com base em depoimentos e na apuração rigorosa das circunstâncias, aliada à autoridade de ter testemunhado e denunciado a história como presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Audálio Dantas reconstitui todos os detalhes da prisão de Vlado e levanta novas questões sobre a versão oficial da sua morte, recentemente desmentida pela Justiça.
Audálio Dantas, autor e um dos protagonistas de “As duas guerras de Vlado Herzog”, recorre as suas próprias memórias, além de leituras, depoimentos, e da apuração rigorosa do contexto em que a morte de Vlado ocorreu para reconstituir a verdade dos fatos por trás do dramático episódio.
“Acompanhei, ao longo dos anos, praticamente tudo que se escreveu a respeito em jornais, revistas, livros e teses acadêmicas. A leitura de inúmeros textos levou-me à conclusão de que eu tinha uma dívida a pagar. Era preciso, em muitos casos, tentar repor a verdade dos fatos, preencher lacunas de informações, apontar inverdades e até omissões propositais. Escrever este livro tornou-se, para mim, uma tarefa irrecusável”, relata Dantas.
O autor também resgata o corajoso papel desempenhado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na denúncia de um assassinato cometido num aparelho do Estado. “Este livro é uma tentativa de reconstituição de um tempo ruim. Centrado nos tumultuados dias de outubro de 1975, quando a fúria dos agentes do lado mais escuro da ditadura militar golpeou a fundo a categoria dos jornalistas, ele mostra os acontecimentos do ponto de vista de quem os viveu intensamente. Eu, por exemplo, que não tenho dúvidas de que aqueles foram os dias mais angustiantes da minha vida”, afirma.
O ponto de partida é a saga da pequena família Herzog em fuga desesperada da Iugoslávia para a Itália, durante os dias de horror da Segunda Guerra Mundial. Fugiam da guerra que despedaçava a Europa e da perseguição nazista aos judeus. Para trás ficou o que restava da família, em sua maior parte assassinada nos campos de concentração.
Para sobreviver, o menino judeu Vlado Herzog aprendeu dolorosas lições de fuga. Ele vivia a sua primeira guerra. A segunda viveria no Brasil, país a que chegou aos 9 anos. A paz que ele e seus pais acreditavam ter encontrado aqui terminou um dia na escuridão de uma sala de tortura.
“Ao escrever este livro, não tive a pretensão de esgotar o assunto, mas sim acrescentar novas informações e jogar um pouco mais de luz sobre o que se pode considerar um dos capítulos mais importantes da história recente do Brasil”, conclui Dantas.
Sobre o autor
Audálio Dantas nasceu em Tanque d`Arca (AL), em 8 de julho de 1932. Em 1954 começou como repórter da Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo). Em 1958, publicou reportagem sobre o diário em que Carolina Maria de Jesus registrava o seu dia a dia na favela do Canindé, em São Paulo.
No ano seguinte transferiu-se para a revista O Cruzeiro , onde foi redator e chefe de reportagem. Na mesma época fez a compilação dos diários de Carolina Maria de Jesus resultando no livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada, que alcançou grande sucesso no Brasil e no exterior. Em 1966 foi trabalhar na revista Quatro Rodas , da qual foi editor de turismo e redator-chefe. Em 1969, passou a integrar a equipe da revista Realidade, onde fez reportagens de grande repercussão, algumas das quais seriam publicadas em livro.
Presidiu o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, entre 1975 e 1978, onde conduziu os protestos pelo assassinato do jornalistas Vladimir Herzog numa dependência do II Exército. Em seguida foi eleito deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1981 recebeu na ONU prêmio por sua atuação em defesa dos direitos humanos.
Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) entre 2005 e 2008. Muitas de suas reportagens foram também publicadas como livros, entre elas: O Circo de Desespero, Tempo de Luta – Reportagem de uma atuação parlamentar Repórteres, O Chão de Graciliano (Prêmio APCA de 2007) e Tempo de reportagem.
Ficha Técnica
Editora Civilização Brasileira?
406 páginas?
Formato: 16 x 23 cm?
Preço: R$ 39,90

Com agências

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“Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada. É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.”
Carlos Drumond de Andrade