Por Michelle Canes da Agência Brasil
O
coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari, disse
que uma das conclusões mais importantes do relatório final é a
confirmação da maneira como as graves violações aos direitos humanos,
durante o período da ditadura militar, foram praticadas.
“Eu
adianto, de maneira geral, que a conclusão mais importante é a
comprovação não só de que houve realmente um quadro muito grave de
violação dos direitos humanos mas, mais do que isso, que essas violações
foram praticadas de maneira sistemática, planejada, organizadas pelas
Forças Armadas por meio de cadeias de comando encimadas pela Presidência
da República”, afirmou, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
O documento, que será entregue hoje (10) às 9h à presidenta Dilma
Rousseff, faz um relato das atividades desenvolvidas pela comissão
durante os dois anos e sete meses de investigações, além de fatos
apurados, conclusões e recomendações. Segundo Dallari, o relatório é uma
exigência da lei que criou a CNV, a 12.528/2011. A data fixada para que
a comissão entregasse os trabalhos foi dia 16 deste mês.
“Antecipamos
em alguns dias para atender à data de 10 de dezembro, que é
simbolicamente muito importante porque se comemora o Dia Internacional
dos Direitos Humanos”, explicou.
Segundo o coordenador, o relatório trata dos casos de mortos e desaparecidos políticos que foram estudados minuciosamente pela comissão. “É com base nesses casos que há então a indicação de autoria, ou seja, daqueles que são os autores. O cuidado que vamos ter é sempre de estabelecer a conexão entre autoria e vítimas.”
Segundo o coordenador, o relatório trata dos casos de mortos e desaparecidos políticos que foram estudados minuciosamente pela comissão. “É com base nesses casos que há então a indicação de autoria, ou seja, daqueles que são os autores. O cuidado que vamos ter é sempre de estabelecer a conexão entre autoria e vítimas.”
Com relação à participação e colaboração das Forças
Armadas nas investigações, Dallari ressaltou que apesar de uma boa
relação e a colaboração com informações, alguns documentos não puderam
ser avaliados. “Não fomos atendidos principalmente pela alegação das
Forças Armadas de que muitos documentos teriam sido destruídos e isso
fez com que eles não entregassem documentos, por exemplo, do Centro de
Informações do Exército, órgão que teve papel muito relevante para as
graves violações de direitos humanos.”]
Com
relação às recomendações presentes no relatório, o coordenador disse
que as medidas seguirão os pontos abordados nas conclusões do trabalho.
Entre elas está a de responsabilização dos autores identificados. “Nós
não temos o poder de processar e julgar, então recomendamos que quem
tenha o poder de processar e julgar o faça”. Ele acrescentou que medidas
para que essas violações não continuem a ser praticadas também estarão
na listagem. “Embora não se torture mais por razões políticas no Brasil,
a tortura em instituições policiais ainda é muito grande e, portanto,
temos que adotar medidas que coíbam essa prática. Será nessa linha que
irão as recomendações.”
No dia 16 de dezembro deste ano, a
comissão terá seus trabalhos encerrados e será extinta. Para Dallari, o
legado será a riqueza de informações que podem servir de base para que
as investigações continuem. “A partir daí, caberá ao Congresso Nacional,
à Presidência da República, ao Poder Judiciário, ao Ministério Público,
à sociedade de maneira geral, por meio das universidades, das suas
entidades organizadas, dar sequência a essa apuração para extrair
resultados.”
Da Agência Brasil.
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